terça-feira, 1 de novembro de 2011

Aurora de outrora, de agora e de enquanto eu puder rimar.

Gotas de luz caem do céu e se desmancham geladas no vidro da janela. Coberta até a cintura, agarro-me a pêlos que não são seus. Sinto meu coração bater como se quisesse vir pra fora do corpo, como se o real estivesse encantado pelo lúdico, como se meu músculo e essa almofada que eu aperto com força, ambos chamados pelo mesmo nome, houvessem roubado de seus donos a vontade de estar perto um do outro.

Roube-me também o medo. O medo do acaso, do destino, do imprevisto e do que já estava escrito. Roube-me as incertezas, inseguranças e insuficiência. Vamos, leva essa sensação de um corpo inteiro pulsando, como se a cada batida deste coração afoito fosse um passo mais perto do seu dono. Bombeia o sangue, bombeia o santo, ora pra hora passar e o agora ser logo o depois. Pede pros olhos não fecharem, os sorrisos não molhares e as lágrimas não tornarem tudo mais difícil pra nós dois. Reza e tenha zelo pra não permitir que o desespero estrague nosso mundo que inteiro, o nosso que só a cabe a nós dois. Grita pela segurança, por um colo, lembra que a esperança é a última a morrer. Renda-se! Engula o orgulho e a vontade de ser maior, aceita que junto é bem melhor e sem você não sei viver.

Fecha teus olhos, sonha com o nosso amanhã quem vem chegando depressa, sonha com o dia em que nada mais impeça nossas mãos de se unirem a bailar no vento, ora pelo momento em que não haverá segredos entre nem a volta da gente. Pede em todos os dias que só por hoje ainda nos haja o amor, o respeito e a vontade de fazer o outro feliz. Pede o pão de cada dia, o sorriso de cada alegria, a eternidade para nós dois. Agradeça, pois fomos escutados, temos um ao outro ao lado e entendemos que é, no fundo, o detalhe que nos faltava para experimentarmos como é ser feliz.