domingo, 8 de novembro de 2009

Cúpido Cupido.

Meus olhos vermelhos não eram de sono, mas de lágrimas. Olhos que você não viu, olhos que você nunca parou para reparar, lágrimas que você me fez derramar, ato que não te incomoda, não te comove. Meus lábios trêmulos não eram de frio e sim de desejo, desejo de um amor, desejo de um amigo, desejo de alguém, desejo de você, desejo censurado. Não importava por quanto tempo, eu precisava de você naquele momento porque eu tenho certeza que aquele momento duraria pra sempre. Meu corpo gritava por você, meu coração chamava pelo teu nome, eu precisava de você, não importa se com um beijo demorado, um abraço de amigo ou um ‘eu te amo’ que não fora dito. Não fora dito, mas eu o precisava. Eu o precisava como uma criança precisa de uma mãe. Eu precisava de um ‘eu te amo’ de amigo, um ‘eu te amo’ de amor, um ‘eu te amo’ de verdade.

Agora me entrego à falta, a falta causada pela sua ausência, sua ausência de palavras, sua ausência de ações e sua ausência de sentimentos. Foi involuntário, mas agora, voluntariamente, não quero mais perdê-lo, preciso que você queira-o, que o aceite, querido. Confio-te meus sentimentos, você parece destruí-los com um punhal. Confio-te meu sorriso e você parece sentir prazer em apagá-lo do meu rosto. Confio-te minha confiança, meu bem maior, e você a logra. Eu resisto, insisto, persisto. Não adianta, parece que cada dia se importa menos com isso, parece ser cada dia um problema menos teu. Mais que meus sentimentos, mais que meu coração, minh’alma já está despedaçada e não sei mais o que há para que você destrua em mim. Pena estar tão distante em corpo, alma e coração, pena ser só porque você quer e não porque hajam impossibilidades, porque essas venceríamos juntos.

Eu te amo de todo coração, você me repele com toda a razão. Em meio à dor, à vontade de gritar, eu permito que a lágrima caia e baile em mim, conhecendo cada pedaço do meu rosto e quebrando o silêncio, o silêncio da tua ausência, o silêncio da minha solidão, solidão que me parece tão mais agradável se com você. Não é minha culpa, não é sua culpa, é culpa do cúpido cupido, sempre ele.

sábado, 31 de outubro de 2009

vento à ventura

Pus meu ipod no ouvido e saí por aí olhando para o chão com os fones quase estourando meus tímpanos. Eu, ao contrário do volume do ipod, estava pra baixo, estava meio desanimada. Continuava andando, ia cada vez mais rápido e sem querer esbarrei em um rapazinho que carregava um violão e tinha um rosto me parecia familiar. Não era possível, era ele mesmo e, depois de todas lágrimas que me fez derramar, depois de um bom período de troca de ofensas, estávamos ali, civilizados e sorrindo um para o outro.

Subitamente rendi-me ao impulso de entrelaçar meus braços em seu corpo e o apertar forte com um abraço de saudade que, surpreendentemente, me foi retribuído na mesma proporção. Por alguns instantes não conseguimos falar nada, parecíamos conversar por telepatia e assistir ao mesmo filme passando em nossa frente. Sorríamos um para o outro como velhos amigos, o que, definitivamente, não éramos. Depois de alguns instantes em êxtase, sentamo-nos e, ainda sorrindo, contamos as poucas novidades que conseguimos lembrar. Jamais imaginaríamos que sentaríamos para conversar, imaginaríamos menos ainda ser tão prazeroso. Não precisei insistir muito para que ele pegasse o violão e tocasse algumas coisas para mim. Tocou algumas músicas novas que ele havia feito e, apesar de resistir um pouco fazendo charme, tocou a minha música favorita, dele mesmo. Enquanto ele tocava e cantava com os olhos fechados, eu podia ver a mesma pessoa, eu via que ele não mudara nada: continuava o mesmo canalha que tinha lindos sentimentos e não queria deixá-los fluir. O sorriso brilhava da mesma forma e a voz ainda soava sempre como música aos meus ouvidos. Não como a música que eu estava ouvindo, uma música que entrava em mim e fazia minha alma dançar ao som da sua voz.

Já eu havia, mudado muito e, embora tivesse me esforçado para gostar das suas gracinhas, ele era só um velho caso que me causava uma nostalgia deliciosa. Conversamos por alguns minutos e depois nos despedimos, ambos com uma visível satisfação em rever-nos. Eu não entendia como, mas a tempestade havia passado e fora ele quem colorira um arco-íris em mim naquela noite. Às vezes reclamamos do vento frio, enquanto é ele que afasta as nuvens que cobriam nosso sol, é ele quem vem nos trazer a luz de volta.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

seasons and sensations

Engraçado como as coisas mudam, como o estranho vira comum, como o desconhecido se torna íntimo e como o medo se torna porto seguro. Pensei que fosse passageiro como sempre foi, mas com o passar do verão você me fez desistir da defesa e começou a atacar. Com o decorrer do outono, me mostrou que era diferente e, mais rápido do que nunca, me mostrou que sou capaz de amar. Foi durante o inverno que mostrou que confio em você e, com o chegar da primavera, me fez perceber que, diferente das estações, você veio pra ficar.

Você pode me implorar, mas eu não vou ignorar nunca mais. Vou ser como as ondas que vão e voltam e ainda assim não deixam de pertencer ao mar nunca: não serei nunca a mesma, mas serei sempre eu. Eu quero estar sempre por perto e quero sempre poder te abraçar, eu preciso te fazer sorrir, porque é seu sorriso que ilumina meu mundo, eu só preciso saber que tenho você, mesmo que não por inteiro, e já é o suficiente para seguir. Você me deu a mão quando eu estava cheia de pessoas ao redor e não a soltou nem mesmo quando eu estava sozinha, você apertou-a firme e passou comigo por cima dos meus medos, por cima dos meus pré-conceitos.

Eu te quero de cabo a rabo, de frente e verso, no norte ou no sul, sorrindo ou chorando, de perto ou bem longe, o tempo todo ou só o suficiente, gritando ou sussurrando, pedindo ou mandando, sendo ou querendo, pensando ou agindo, congelando ou evaporando, de dentro ou de fora, de dia ou de noite, elogiando ou brigando, mordendo ou assoprando, de corpo e de alma, no hoje e o no sempre eu preciso de você da forma que você vier, da forma que você é, eu preciso que você venha quando e como quiser e que não prometa, mas cumpra e cultive o que plantou, é só fazer com que não tenhamos que nos despedir e deixar que, a partir de um dia, seja sempre nos teus braços onde vou adormecer.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

um novo ente modificado relativamente ao estado original. Traduzindo: Transformação.

Eu levanto da cama e me olho no espelho. Troco a camisola por um vestido justo e as meias por salto alto. Tiro a remela dos olhos e ponho no lugar delas uma maquiagem esfumaçada, troco o gosto de sono da boca por balinhas de hortelã. Se não faço isso de corpo, faço de alma e principalmente de coração. Não fui feita para passar o dia na cama pensando em quem eu sou e o que devo fazer para conseguir o que quero. Eu quebro tudo na pista de dança. Se não o faço, quebro pelo menos o gelo que havia em mim e mando embora com ele a culpa que me torturava. Sou mais bonita. Se não por fora, por dentro. Se não sou mais bonita, sou mais livre. Se não sou, gostaria de ser, estou tentando ser. Meu corpo está quente e o suor escorre. Se não é assim, estou com o corpo frio resultante de um banho gelado e as gotas escorrem porque não me sequei direito, para não sentir calor (e ficar resfriada).

A verdade é que não mudei nada por fora: cheguei agora em casa e antes de um banho gelado, camisola larga, remela nos olhos e gosto de sono na boca, me joguei sentada na cama com o notebook e tenho que suportar a calça jeans, a camisa pólo, o rosto maquiado e o gosto de fast food na boca, porque eu precisava escrever. Se não para você para mim, para perceber que mesmo quando eu digo que não mudei por fora mudei minha forma de ver as coisas e a forma com que pretendo vive-las daqui pra frente. Eu pretendo pensar mais em mim, ser ainda mais egoísta (veja pelo lado bom, vocês terão ainda mais motivos pra me criticar porque vou piorar dia após dia). Pretendo cortar definitivamente relações com o amor, porque ele só tem me dado dor de cabeça. Estou pensando seriamente em esquecer o que chamo de amigos e de parar de ser mentirosa, porque sei que nunca conseguirei isso. Decidi dançar mais. É, dançar, soltar a franga em casa e quebrar tudo no banho enquanto escuto a música do meu computador (viu só, não preciso de vestidinho, salto alto, maquiagem nem balinhas de hortelã pra isso!). Eu só quero me libertar, as vezes acho que estou sendo responsável demais, as vezes tenho certeza disso. As vezes quero dar a louca e sair por aí fazendo o que der na telha, quase sempre quero ser menos racional, mas no fundo isso é uma das coisas que mais admiro em mim. Quero ser mais sentimental, mas odeio pessoas assim. Quero odiar todo mundo e amar somente a mim mesma, mas eu sou uma manteiga mole.

Eu quero sentir, mas não consigo não querer entender o que sinto, e por pensar sei que certas coisas não conseguiram entender. Por isso, eu não sei explicar o que estou sentindo, parece uma revolução dentro de mim, uma luta que mais parece música de nx zero, é uma coisa meio que “entre razões e emoções” e dessa vez eu tenho que dar razão pra esse bando de emo o qual já fiz parte, a saída é fazer valer a pena!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

drops.

Como só vinha nos dias de chuva, nesses eu ficava contando cada gota que caía, cada uma delas me parecia como o nascimento de um milagre. Nos dias de sol, eu torcia para que fosse sol intenso, sol forte que durasse um dia e uma noite inteira, para no dia seguinte a chuva voltar, e você também.

Quando o vento corria pela minha janela, arrastava pelas saias as cortinas e me acordava como um beijo gelado que me fazia despertar sem demora. Eu me apressava e saía, eu corria até a ponte, onde me sentava e fechava os olhos. De olhos fechados eu podia ver as luzes da festa, e a luz do seu sorriso, eu podia ver o brilho nos vestidos e nos seus olhos, eu podia ver tudo perfeitamente enquanto o vento frio despenteava meu cabelo e secava minha boca. Eu ficava horas ali, ficava horas sentada dançando contigo, até que eu sentisse a primeira gota tocar minha pele. Ela era sempre fria e clara. Mais que clara, ela era cristalina e intensificava o cheiro das flores à volta. Então já não era mais uma festa e já não dançávamos mais, estávamos no jardim onde seu abraço ficava cada vez mais forte, conforme a chuva se intensificava. Conforme a chuva ia passando, o vento parecia mais gelado, e você cada vez mais distante.

Quando a chuva ia embora e te levava com ela, eu abria os olhos e voltava para casa. Na verdade, eu não precisava das luzes da festa, do brilho dos vestidos ou das flores no jardim, eu precisava da luz do seu sorriso, do brilho dos seus olhos e que um dia a chuva realmente trouxesse você,mas te deixasse aqui quando ela resolvesse ir embora.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

indigestão

Eu andava pela rua sorridente com meu sorvete de morango pensando como ele odiava a minha empada. Eu não sabia porque, minha empada era uma delícia, mas ele só se importava com aquele biscoito de chocolate idiota. Eu passeava com o sorvete escorregando pela casquinha e chegando as minhas mãos melando tudo e fazendo com que eu me sentisse uma criança de oito anos. É, uma criança de oito anos que tem vontade de sair pela rua correndo na chuva e pisando em todas as poças. A verdade é que nós dois, por mais maduros que fossemos, éramos mesmo como crianças, e isso nos encantava em nós mesmos e um no outro.

Eu lembrava dele quando eu pintava com canetinhas coloridas um mar onde o sol se punha, uma ilha e passarinhos no céu (porque eu só sei desenhar isso!), eu lembrava dele quando eu ia lavar as mãos na hora da merendinha e também lembrava dele quando eu ia comer. É, porque aí eu lembrava que ele odiava minha empada e se agarrava com aqueles malditos biscoitos de chocolate bem na minha frente. Ah,como eu morria de ciúmes daquele biscoito de chocolate, o que ele tinha que minha empada não tinha? Poxa, ela era tão recheadinha, ela era tão quentinha. Por algumas vezes eu pensei em trocar as pobres empadas pelos biscoitos para ver se funcionava mas não seríamos nós. Eu sei que se um dia ele provar minha empada ele vai querer roubá-la de mim, porque minha empada não é qualquer empada, ela é uma delícia. Então, para eu não ficar sem ele e sem minha empada, eu prefiro engolir aquele biscoito chato. Ou melhor, ele engole, ele quem não solta aqueles biscoitinhos terríveis.

A verdade é que as coisas entre nós não precisavam ser bonitas, precisavam ser sinceras. Para os outros eu diria que “ eu lembrava dele ao ver desenhos, pois ele parecia dar cor a minha vida que antes parecia um papel em branco”. Para que, se a ideias das canetinhas é tão mais divertida? Eu não me importo se ele não gosta da minha empada, eu também não gosto do biscoito de chocolate dele... eu só queria que ele também lembrasse de mim quando pintasse, e que um dia pintasse um desenho meu. Eu posso até estar meio gordinha e com cabelo despenteado e comendo biscoitos de chocolate, o importante é que ele também lembrou de mim por causa das canetinhas, então já teremos um ponto em comum.

sábado, 3 de outubro de 2009

Sem princípio,nem fim.

Talvez eu não queira aceitar e prefira continuar te buscando nas pessoas erradas (mas o errado não era você?). Talvez eu não encontre em mais ninguém o que eu não encontro em você. Ou talvez eu encontre, mas me falte tantas outras mil coisas. Ou ainda, eu encontre e não me falte tantas coisas assim, eu posso sim achar tantas pessoas melhores, mas não vai ser você. Talvez eu só não queira aceitar que eu sei isso, eu não quero que você seja único. Mas você é, e eu sei disso. Eu sei, mas não quero aceitar, não quero acreditar.

Eu tenho a estranha sensação de que será pra sempre, eu tenho a estranha sensação que é com você que vou acordar abraçada nos sábados de manhã. E se não for, vai ser com você que eu vou querer estar. Basta que me causes um minuto de sorriso para apagar as lágrimas que me causaste em um mês, basta que digas que está com saudades para que eu me desarme, basta um olhar singelo para que meus olhos de fúria se tornem ternos e se turvem fazendo com que eu deixe de ver tudo à volta e só veja você. São tantos acasos, tantas coincidências, que eu insisto em ver como sinais de que eu devo mesmo seguir meu coração, eu devo acreditar que nada é impossível e que vai dar certo, nós vamos dar certo, nós existiremos um dia.

Eu não sei se é isso que eu quero, não do jeito que é. Eu não sei até onde é bom mudar. Eu só queria que fosse ou pra sempre, ou deixasse de ser de vez, que parasse de doer ou acostumasse com a dor. Porque a dor pode passar, o jeito pode mudar, mas você não, quer você queira ou não, você é pra sempre.

sábado, 26 de setembro de 2009

As semelhanças que nos diferenciavam.

Éramos o oposto um do outro, e ao mesmo tempo parecíamos ser a mesma pessoa. Éramos bonitos e transpirávamos brisa, tínhamos sonhos e esses eram quase os mesmos. Tínhamos a alma tão parecida, com credos diferentes, mas com ações iguais, nossas opiniões eram quase sempre as mesmas e nos entendíamos das mais inusitadas formas que se pode ou não imaginar. Nosso corpo sim, esse era diferente: éramos o oposto desde a caspa dos cabelos até a sujeirinha das unhas do pé. Isso era o que nos fazia ainda mais bonitos, as semelhanças entre nós que nos diferenciava de todo o resto. Éramos lindos. Se não pra mim, para ele.

Éramos jovens, jovens e cheios de vida, cheios de sonhos e de histórias. Gostávamos de música, de arte e de risadas, gostávamos da palavra imoral porque queríamos sê-la. Éramos tristes porque tínhamos a todos, porque éramos amados por todos, mas não amávamos a ninguém e, por isso, também não tínhamos ninguém. Tínhamos um ao outro, mas disso ainda não sabíamos, tampouco não sabíamos que desde sempre nos amávamos mutuamente. Tínhamos ânsia de viver e achávamos o mundo adocicado demais para nós. Trocávamos qualquer leitura sob uma frondosa árvore no bosque por um passeio ao shopping de ônibus, mas amávamos a natureza e a respeitávamos como suprema mãe. Jurávamos companheirismo eterno, mas discordávamos a respeito de onde viveríamos no futuro. Criávamos. Nós éramos dois ilimitados e incompreensíveis criadores lúdicos e admirávamos um ao outro com cautela para que a admiração não se tornasse amor. Nós não sabíamos que há tempos esse já habitara em nós. Falávamos dos nossos problemas e aconselhávamos um ao outro, embora os conselhos fossem desprezíveis já que nossos problemas no fundo eram os mesmos: tínhamos medo. Tínhamos medo porque éramos livres, felizes e imorais enquanto no nosso mundo, e éramos presos a este mundo particular e a nossa solidão de estimação. Na verdade, éramos presos um ao outro e, se não éramos, nossos corações gritavam incansavelmente para que fossemos. Queríamos inconscientemente e incessantemente descobrir o que havia entre nós, mas tínhamos demasiado medo de que isso roubasse-nos o prazer de sermos maus e cobiçados. Não que fôssemos, mas superficialmente acreditávamos ser. Não sabíamos se gostávamos mesmo da solidão ou se já havíamos nos acostumado com ela, não sabíamos se éramos solitários sozinhos ou se tornamo-nos dois solitários que curtiam a solidão juntos. Seria possível? Para nós tudo era possível, exceto ouvir pagode tomando uma cervejinha com a galera no boteco da esquina. Isso nos dava nojo. Não sabíamos nos definir, porque para nós éramos indefinidos, diferente de tudo e de todos, nós éramos incomparáveis, insubstituíveis. E éramos mesmo. Se não para os outros, pra nós.

Em meu quarto escuro, ao meu ouvido soava o ventilador barulhento, e ao meu coração soava sua risada desengonçada que também me roubava um sorriso calmo e um fechar de olhos terno. Eu não me contentaria em secar suas lágrimas, eu precisava arrancar-lhe sempre seu melhor sorriso. Eu acreditava que ele também me amava e, por eu acreditar, ele amava. Se não para os outros, ao menos pra mim.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

céu de seda em dias de nuvens de pipoca.

Lembro bem quando o vi: meus olhos dilataram com a surpresa de duas mãos pesadas estendidas em minha direção carregando meu frágil tesouro. Agarrei-o firme contra o peito e corri para onde pudéssemos ficar sozinhos. Sentei naquela grama seca, abaixo de uma árvore de copa grande com folhas avermelhadas de primavera, mas que me lembravam mesmo o outono. Em minha volta árvores, grama e a imensidão do nada. Era o lugar ideal para o nosso primeiro encontro.

Fechei meus olhos, deitei-o em meu colo e corri meus dedos sentindo cada detalhe da capa, cada relevo, cada ruga que arrancava um sorriso voraz dos meus lábios miúdos rosados pelo frio enquanto o vento dançava pelos meus cabelos. Abri lentamente os olhos e examinei minuciosamente as cores dos relevos pelos quais meus dedos corriam. Era ainda mais bonito, era ainda mais vivo que todo aquele nada infinito que nos cercava. Sim, foi amor à primeira vista. O verde azulado, cor de céu feito de seda em dias de nuvens de pipoca, predominava e me dominava, fazia-me livre, prendia-me a ele. Depois de muito olhar, depois de entregarmo-nos completamente um ao outro, percebi alguns amassados, algumas falhas que não mais me importavam, fui seduzida, estava indiscutivelmente apaixonada.

O vento balançava forte e duas gotas caíram sobre meu amado. Naquele momento, aquelas duas gotas pesavam para mim toneladas e eram cruéis, muito cruéis, fazendo-me sentir dor como a da mãe que perde o filho pra sempre. Apertei-o contra meu peito, como se quisesse que ele entrasse verdadeiramente em meu coração, embora lá já estivesse cativo, para que eu pudesse assim protegê-lo das milhões de gotas cruéis que viriam contra ele. Corri com todas as minhas forças até que meus sapatos gritam implorando para que eu parasse. Parei, arranquei os sapatos e continuei correndo. Quando parei, eu já não sentia meus pés e meus lábios rosados miúdos eram cor de amora e tremiam com minha respiração ofegante. Sabia que faria o possível para defendê-lo, mas não sabia até quando ele aceitaria a minha defesa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Além do que se vê

Andando na rua, costumamos rotular espontaneamente pessoas que nos rodeiam. É como se tivéssemos grupos onde encaixássemos cada um. Não somos bonecos, não fomos moldados, somos um diferente do outro, sempre haverá uma diferença. É como comprar batatas, por exemplo. Batata vai ser sempre batata, mas tem uma mais gordinha, outra menorzinha, uma machucadinha, outra mais lisinha.. Mas são todas batatas, não são? Todas tem o mesmo sabor, não tem? Estão todas a venda, não é mesmo?

Eu até concordo que o jeito de falar, se vestir e agir diz muito sobre uma pessoa, mas acho um absurdo qualquer tipo de predefinição, se é que você me entende, eu discordo que olhando uma pessoa que você nunca viu, não sabe da história, andando na rua você pode traçar a personalidade e o caráter da mesma. De forma nenhuma! Sem contar que sempre tem aquelas referências, se o Enrique ler esse post ele vai concordar nisso comigo, não tem referência maior que a do gordinho. Tem a referência da loira, da morena, da ruiva, do alto, do baixinho..Mas se em meio a todos esses estiver um gordinho, eu ponho a mão no fogo com álcool como ele vai ser a referência. Vem cá, qual o problema com o pobre do gordinho? Levanto então uma outra questão, o padrão de beleza imposto pela sociedade. Biótipo de mulher ideal? Cabelo liso, loiro, olhos claros, magra, sorriso colgate e bem cuidada. Já parou pra pensar que a baixinha, gordinha, de cabelo vermelho e olho castanho pode ser milhares de vezes mais legal e infinitamente mais inteligente que a loira? Já parou pra pensar que o monstrinho pode te fazer muito mais feliz que a gostosona? Não acho que é beleza interior, porque você não vai sair por aí perguntando “- Oi, você tem um rim bonito? Ah, porque meu esôfago é meio caidinho, agora meu pâncreas é uma maravilha hein..” (Ta,foi uma péssima piada,mas eu ri). Eu falo de conteúdo, falo de valores, eu falo de você conhecer as pessoas, de deixar que elas te cativem. Não julgue os outros pela aparência e não se sinta mal por ser como você é. Cara, o importante é você, é como você se sente. Não é aceitar que é gorda e tem cabelo duro achando que um Deus grego vai surgir em meio ao nada e perguntar pelo seus pâncreas (ri de novo). Entra em uma academia, compra uma chapinha e tá tudo certo. Mas faça por você e não pelo outros, arrume-se para você, sinta-se bonita, não sossegue enquanto não olhar no espelho e pensar “Uau, se eu não fosse eu, eu me pegava!”. Autoconfiança é o segredo, se você passar para as pessoas que você é um monstrinho, é assim que elas vão te ver. Se você não tem os olhos do Enrique, se você não tem a barriga da Mayara, se você não tem o cabelo liso como o do Rafa, se você não tem o sorriso da Fatinha, não chora porque eu não tenho nada disso e eu sou feliz. Não vou comprar uma lente, uma chapinha e não vou entrar na academia nem vou gastar fortunas com dentista, listerine e sensodine, porque eu sou feliz do jeito que eu sou. Eles podem ter isso tudo, mas não adianta porque eu tenho algo que eles não tem, assim como você tem algo que ninguém tem igual. Você é preciosa, você é precioso, você não é igual a ninguém, por isso para de tentar ser como os outros, para de tentar ser como a sociedade diz que você deve ser e aflora o que você tem melhor, busca se conhecer melhor e explora seu ponto forte. Quem me conhece sabe que eu sou um saco, eu reclamo que to gorda, que odeio meu cabelo, que minha pele tá um lixo e que só amo minha unha, e a da mão, porque o meu pé eu odeio também. Porque você acha que eu mudo de esmalte coisa de três vezes na semana? Porque você acha que eu adoro uma pulseira, um anel? Porque eu tenho cabelo feio e estou gordinha, então vamos focar a atenção pra parte boa em mim, vamos fazer a unha chamar atenção!

Brincadeiras à parte, eu aprendi a ver que as pessoas vão muito além do que elas vestem, vão muito além do cabelo que elas usam, vão muito além da cor dos seus esmaltes, da marca da bolsa, as pessoas vão muito além do que podemos ver. Aprendi que se alguém não é como você quer, talvez ela seja o que ela pode ser, ela esteja buscando ser quem ela quer ser. Eu aprendi a ver com o coração, pois, já dizia Exupéry, nas horas graves nossos olhos são cegos. Descobri, portanto, que ninguém pode ter uma única definição a respeito de quem é, porque somos vistos em momentos diferentes, por olhos diferentes, com concepções diferentes e opiniões diferentes. Basta que cada um se aceite como é, e respeite como o outro é também. Eu espero, de verdade, que esse post mude um pouquinho a sua opinião e que a partir de hoje você perceba que cabelo preto, olhos castanhos e uma gordurinha a mais pode ser legal. Digo por mim mesma, literalmente.


Por Dayana Nóbrega,
Aquela fora do padrão de beleza imposto pela sociedade que finge que está se lixando pra isso, mas comprou quatro cores novas de esmalte essa semana.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Primavera

Uma dor forte do peito, um aperto que mais parece uma bomba preste a explodir. Eu odeio não te odiar, odeio querer tanto você por perto. Sabe, às vezes eu faço pouco caso, eu finjo que você nem é tão importante assim, mas há tempos eu queria mesmo é poder dizer que você se tornou a coisa mais importante da minha vida e que, mesmo que para você seja indiferente, você despertou sentimentos adormecidos em mim, você me levou a explorar sensações que antes pra mim não existiam, você provocou a metamorfose das lagartas que tanto me incomodavam tornando-as lindas borboletas, as mais coloridas, que se agitam no meu estômago quando sentem sua presença, quando ouvem tua voz ou simplesmente o teu nome. Você consegue os meus mais lindos sorrisos quando lembro dos teus sorrisos pra mim, a sua luz me atinge de tal forma que é visível o teu brilho nos meus olhos, é notado até mesmo por desatentos. O que você me faz sentir vai muito além do que os olhos podem ver, vai além do que eu mesma posso entender, é mais que encanto, o que você me dedica, ainda que não somente a mim, seduz cada célula do meu corpo e as envolve de uma energia ímpar que me contagia por inteiro e faz com que eu me sinta bem de uma forma surreal. Eu escrevo facilmente para você, eu escrevo facilmente sobre você, porque pra ti sobram-me sentimentos que eu, infielmente, traduzo em palavras. Por mais irritada que eu esteja com você, sabes que te perdôo sem que precises se esforçar muito, você sabe como é fácil você me deixar feliz, não precisa muito para que eu desista de desistir de você. Não sei se isso é bom, sei que não deveria achar bom pra mim, sei que me faz mal tanto quanto me faz bem e não sei se eu saio ganhando. Eu não sei se ganhar é o melhor quando penso que ganhar significaria perder você. Então eu continuo não sei porque, não sei pra aonde, não sei até quando, continuo por mim, continuo nessa ilusão gostosa que me deixa em êxtase. Já faz tempo que eu precisava dizer que eu percebi que eu não posso escolher de quem gostar, eu não posso escolher quem me faça bem e não devo esperar demais das pessoas. Eu não posso cobrar de você sentimento nenhum, mas enquanto você planta flores de esperança em mim, ainda que eu não saiba ao certo quais frutos brotarão, as borboletas que você cativou não se aquietarão e trabalharão de flor em flor nesta primavera que você mesmo fez surgir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

o seu amor pode estar do seu lado

Eu não sei porque isso aconteceu, mas como ou porque não é o que interessa agora. Eu te conheci há muitos anos e agora eu percebi que a felicidade poderia vir de onde eu menos esperava. Eu não vou mentir, eu não lembrava de você, eu nunca me dei conta sua presença tão notável. O destino cruzou nossos caminhos este dia e ele segue ligado, mesmo eu não sabendo disso até quando o teu sorriso me cativou e, acredite ou não, eu me tornei dependente de você. Foi involuntário, pouco a pouco este menino que transparecia uma doce inocência me conquistou, mesmo sem eu perceber. Confesso que errei com você, mas errei tentando acertar e espero, de todo o meu coração, que não tenha feito você esperar tempo demais, se é que ainda há tempo. Eu descobri que o que eu sinto por você é muito sincero e só vou saber o que é de verdade quando eu me permitir descobrir. Por isso, meu menino, eu não vou desistir fácil de você.

pedacinhos de estrelas

Eu lembrava os olhos dele que brilhavam como se fosse composto por partículas de estrelas e, ao lembrar, meus olhos também brilhavam. Não por estrelas, mas sim por lágrimas geladas que eu prendia em minhas pálpebras escuras e pesadas. Eu lembrava da doçura que aquele olhar trazia, da confiança que me passava, do bem surreal que me transmitia. Quanto aos dias ruins eu fazia questão de não lembrar, eles não me importavam.

Não havia para onde correr e eu sentia meu coração bater forte como se fizesse força para sair do meu corpo, como se dissesse que também não aguenta mais. Eu procurava justificativas inviáveis para sinais óbvios de que aquelas estrelas continuariam se apagando aos poucos, uma a uma, e eu não poderia fazer absolutamente nada. Sinto muito, eu não queria ter feito das estrelas dos teus olhos o meu céu, eu não queria fazer da luz teu sorriso o sol dos meus dias, eu não queria ter feito de ti o meu Deus. Agora meu mundo gira em torno de você, mas parece que estamos em órbitas diferentes. Eu não sei se te peço pra ficar porque nunca te tive aqui, mas eu não queria que você fosse. Eu vou sentir falta do teu perfume de primavera quando me abraçava e daqueles momentos mais irrelevantes os quais você não lembra e na verdade são os que mais me encantam.

As gotas da chuva batem no vidro da janela e ao mesmo tempo em que lembram você deitado no meu colo enquanto eu lhe fazia carinho e tratávamos de assuntos levianos, cada gota parece mais um pedacinho daquelas estrelas que continuam caindo e me lembrando que momentos como esse não voltarão a acontecer.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

prestidigitação.

Meus pés movimentavam-se conforme a música enquanto meus dedos bailavam sobre o teclado e eu pensava o que escrever. Eu olhava para o monitor e confiava que Deus olhava por mim. Fechei os olhos. Levantei para por mais água no girassol que iluminava o quarto e olhei pela janela. Estava chovendo. Não peguei a bolsa, não calcei o sapato, mas saí.

A chuva fria tocava minha pele e aquecia o coração, apagava os problemas. Eu corria, corria minha mão pelo meu cabelo molhado pesado e corria do comodismo tentando fugir da mesmice. Pulei a poça, me pendurei na árvore, dancei com o morador da rodoviária e ganhei um sorriso singelo de uma pequenina que a mãe arrastava pelo punho.

Cheguei em casa e me joguei na cama degustando minuciosamente o sabor da liberdade enquanto minha mãe emitia sons os quais não me preocupei em identificar. Abri os olhos e vi à minha frente a folha em branco do Word, o sol reinava absoluto lá fora e os sons que minha mãe emitia não eram tão estranhos, parecia meu nome.

domingo, 30 de agosto de 2009

uma caixinha de fósforo na festa junina.

Mordi forte aquela fruta proibida. Na verdade não sei porque mordi se a vontade nunca me tentou. Me tentava mesmo era o saber de que era proibida e aquela cor vermelha que,ao mesmo tempo que não fazia sentido,me explicava tudo. Eu agora detinha o conhecimento: já não me importava se era proibida,agora apenas contemplo com beleza e harmonia a bela maçã do amor.

Por: Dayana Nóbrega e Rafael Infante.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sem máscaras.

Sim, hoje a Dayana vai deixar suas historinhas de lado e vai falar por ela mesmo. Estranho como temos medo de ser feliz, não é mesmo? Estranho como perdemos chances de conhecermos grandes pessoas, de fazermos grandes coisas e de sermos tão felizes, por medo. Quantas vezes você não fugiu, ignorou alguma coisa, alguém por medo. Medo de que? Medo de quem? Se você seguir o caminho feito antes, você só vai passar por onde já passaram, descobrir o que já descobriram... Não sei bem como explicar isso, mas me assusta um pouco essa coisa das pessoas terem medo de ser feliz.

Eu acho que temos que aproveitar nossa vida ao máximo, nós não sabemos até quando estaremos aqui. Não pense tanto na consequência, se você quer mesmo, faça-o. Se não der certo, você tentou. O que não dá é passar o resto da vida se privando de tentar coisas novas por medo de não ser bom, não ser certo, não ser como você espera.

Não vou me estender muito, só postei hoje porque tenho mesmo percebido isso. Eu, particularmente, sou feita de sonhos, sou movida pela vontade de conquistar coisas novas, pessoas novas, não tenho lugar para o medo. Gostaria que com você não fosse diferente.

por: Dayana Nóbrega

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

antes que escureça

Era como se quando ele me beijasse, transpusesse seu veneno licoroso para minha corrente sanguínea que o espalhava, por intermédio de cada veia, por todo o meu corpo. Ele é meu veneno e preciso achar um antídoto. Não preciso fechar os olhos para sentir sua mão no meu cabelo, sua boca no meu pescoço e suas palavras no meu ouvido. Eu mordo os lábios lembrando da sua pele quente em contato com a minha, talvez saíssem fagulhas daquele atrito. Não me preocupei em ver.

Marcas de beijos, marcas de unhas, marcas no corpo, marcas na lembrança. Estou viciada em você, estou viciada na sua voz, no seu poder de me causar quimeras, sinto falta do seu sorriso que sugeria coisas sem precisar usar palavras, dos seus olhos que me diziam coisas sem precisar usar palavras, sinto falta de tantas outras coisas as quais não precisamos usar palavras. Sinto falta de conversar contigo. Sinto falta de te contar sobre o meu dia,sinto falta de ouvir sobre o seu dia, sinto falta de passar o dia contigo.

Se você disser que não demora, eu tenho a vida toda para te esperar. Então te apressa que meu apreço faz com que te espere na janela, te apressa para que chegues antes que escureça.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pra você.

Era uma noite fria e as estrelas pareciam detritos flutuantes de uma geada. Peguei o violão, sentei-me na varanda e comecei a fazer uma música para você: acordes fáceis embalavam rimas pobres. Arrisquei um solo de uma corda só, mas tive que tirá-lo porque não consegui ensaiá-lo o suficiente. Escrevi sobre seus olhos, seu sorriso e como eu me sentia bem com você. Droga, sobre isso todo mundo escreve. Amassei a folha de papel e comecei em uma outra página. Escrevi sobre nossas brigas, sobre minhas lágrimas e sobre a dor de amar. Lá se foi minha contribuição para o desmatamento, mais uma folha para o lixo. Definitivamente, música não era o meu forte. Estava frio, eu entrei para guardar o violão e aproveitei para pegar um casaco. Casaco? Bem, isso me lembra nosso primeiro beijo. Resolvi escrever uma carta para você. Mas não sabia o que falar. Sobre seus olhos, seu sorriso e como eu me sentia bem com você? Sobre nossas brigas, sobre minhas lágrimas e sobre a dor de amar? Eu não era criativo o suficiente, carta não era uma boa idéia. Um desenho, que tal um desenho? Seria ótimo se eu fosse um bom desenhista, ou se eu soubesse desenhar algo além de uma praia com um sol, um barquinho uma ilha e um coqueiro. Ah, eu posso pôr umas gaivotas no céu também. Mesmo assim, isso não diria nada.

A verdade é que eu não escrevo bem, eu não desenho bem, não sou bom músico. Ah, menina, não sei o que posso fazer por você. Eu queria poder lhe dizer tudo o que ando sentindo, eu queria poder lhe explicar o que sinto quando vejo seu cabelo dourado de sol, quando vejo seus olhos de café ou seu sorriso colossal. Sinto muito, mas não consigo se quer falar do cabelo dourado de tinta, dos olhos de pântano e seu sorriso irônico. Eu sinto muito, mas da minha flor preferida te tornastes minha flor cadáver, aquela que eu cuidei com carinho, aquela que eu tanto amei agora cresceu e apunhalou-me pela frente. Não passei a duvidar do amor, doçura, passei a duvidar da capacidade do ser humano de amar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O oposto atrai o ideal.

Um vestido branco que bailava junto ao vento, os cabelos dourados modelados até a cintura, movimentos delicados e olhar receoso sempre voltado para baixo. Pelas terras por onde ela passava com seus pés descalços, nasciam flores e, quando chorava, suas límpidas lágrimas regavam-nas dando-as vida. Essa não era ela. Ela usava uma calça jeans, cabelo tingido e irregular pouco abaixo do ombro e olhar sinuoso. Calcava os pés cansados calçados em um salto alto pelo chão sujo, no asfalto quente e, quando chorava, as lágrimas escuras borravam sua maquiagem mal feita. Vê-la me acalmava muito mais do que ver a moça do vestido branco. Tinha aproximadamente dezessete anos e, embora para as pessoas fosse o retrato da perdição juvenil, eu podia ver nela algo mais.

Ela estava sentada olhando a praia. Eu não sabia se era o início do seu dia ou o fim da sua noite, não sabia se ela ia dormir linda ou se acordava maravilhosamente bonita. Eu sabia que, por mais que estivesse incrivelmente linda, ela estava incrivelmente irritada. Eu me sentei ao lado dela e não disse nada. Podia ouvir a música alta do seu ipod. Tentei por uns minutos identificá-las, mas logo desisti, aquelas músicas não faziam o meu tipo. Já ela...

Demorou coisa de dez minutos para ela me notar e, quando percebeu que eu estava ali somente por sua causa, fixou os olhos nos meus por menos dois segundos e devolveu-os ao mar. Ela olhava como quem vê sua alma pelos olhos, ela olhava como quem desvenda teus segredos sem precisar te conhecer. Mas eu precisava a conhecer, eu estava entregue à aquele mistério, eu estava entregue à ela. Permaneci sentado. Ela virou o rosto furiosamente e fitou os olhos em mim e, quando esperava que ela levantasse e me deixasse sozinho, ela me ofereceu o seu fone direito erguendo as sobrancelhas. Não peguei o fone e perguntei seu nome já ciente que não receberia a resposta. Ela pôs o fone no ouvido, abaixou as sobrancelhas e voltou a olhar para o vai e vem das ondas. Alguns minutos depois, ainda olhando para frente, ela disse ‘Sara’ e olhou-me, com projeto de sorriso no rosto. Foi o sorriso mais lindo que já recebi. A maresia sempre me lembra o cheiro do seu pescoço, músicas do Queen sempre me lembram daquela manhã que se estendeu até a noite.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Elas são só folhas amareladas

Peguei aquela resma de folhas amareladas,risquei um fósforo solitário na caixa e comecei a aquecê-las. enquanto o fogo as consumia eu me lembrava do quanto aqueles pequenos pedaços de papel me fizeram feliz um dia,o quão importante elas já foram para mim. E agora? São só folhas amareladas que parecem gritar socorro. Socorro? Por estarem sendo aquecidas? Elas não sabem o quanto eu quis isso,o quanto eu quis que o teu calor me aquecesse,só mais uma vez.

Sabe,me doeu muito ver você com ela,ver você com quem você sempre amou. Eu queria estar no lugar dela,eu queria estar no seu lugar,eu queria estar com quem eu amo,eu queria estar contigo. Eu fiz tudo o que eu podia para te ganhar. E o que eu não podia,eu fiz também. Você está feliz,eu deveria estar também. Senão por mim,por vocês,por você. A gente é tão diferente e tão igual ao mesmo tempo,não é mesmo? Sempre disseram que você não era pra mim,mas a gente sempre se deu tão bem. Eu acho que aprendi a gostar de você bem assim como você é,eu aprendi a te aceitar,porque eu te amo,eu sempre te amei,eu sempre vou te amar. Hoje eu concordo com eles,também acho que você não me merece,mas eu te quero mesmo assim e enfrentaria tudo de novo,e quantas vezes preciso fosse,por você,por nós dois.


Não posso pedir pra você não me ligar,você nunca ligou mesmo. Não posso pedir pra você sumir da minha vida porque não sei se um dia você realmente se deu conta que entrou nela. Não posso pedir meu coração de volta,porque você ainda não entendeu que ele está contigo é só seu quer você queira,quer não. O fogo que ardia em nós se apagou e do nosso amor só restaram cinzas,assim como estas folhas. Para mim,ver o amor acabar-se aos poucos foi a cremação mais dolorosa,ver a brasa que nos consumia apagar-se e não poder reacendê-la fez com que me sentisse incapaz. Ainda não consegui queimar nossas recordações,nossos momentos,nossos sorrisos,nossas conquistas. Queimei as cartas,mas elas são só folhas amareladas que já perderam as forças e já não podem sequer sussurrar.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eixo oblíquo

Olhando algumas fotografias, olhando os seus olhos irisados, eu posso sentir seu gosto de hortelã, posso sentir o cheiro de perfume doce citrino da sua pele que mais me parece um cobertor quando me abraça. Eu me lembro de nós dois abraçados, conversando, rindo, ou fazendo nada,mas aproveitando tudo. Eu sorrio lembrando do seu sorriso, de quando me provoca ciúmes e de quando me provoca desejo, posso ouvir sua respiração rápida no meu ouvido,posso senti-la por cada parte do meu corpo. Sinto sua mão na minha nuca e sua nuca na minha boca,sinto teu quadril contra o meu,sinto sua boca na minha..é,eu ainda posso te sentir.

Queria te sentir assim o tempo todo. Mas não demora mais que um piscar de olhos para que eu comece a me lembrar da dissonância da tua voz irritada,do teu olhar desapontado estável em meus olhos ,me atraindo e repelindo de ti ao mesmo tempo,da tua respiração inspirando e expirando aquele ar pressuroso tão pesado.

Contudo,não preciso mais que uma outra piscadela para que tua cabeça se curve graciosamente para a direita,seus olhos se fechem enquanto sua mão encaminha-se até minha nuca e aproxima nosso rosto. Pronto,já estamos bem,já pode deitar-se no meu colo para que eu te admire em teu estado latente.

E assim sigo,nesse pisca pisca ,com tua voz polifônica,cultivando um sentimento onde os dois pólos encontram-se,na verdade,no meio e formam um eixo oblíquo,um sentimento utópico,o qual eu também não entendo,tão confuso,me sinto mal e me sinto bem e,ainda assim,não deixei um segundo se quer de senti-lo por você,não deixei um segundo de querer-te por perto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O sol dos meus olhos

Eu olho para cima,para os lados,para frente,para trás,para baixo..é tudo muito branco. Minha pele parece casca de laranja de fim de feira,meus lábios vermelhos como uma cereja. Queria dizer que meus olhos claros reluziam o sol que vinha me aquecer,mas na verdade os olhos escuros cansados presenciavam luzes que se destacavam em um cenário incolor.

Eu continuo caminhando passo-a-passo,meus pés continuam afundando e eu os sinto cada vez menos. Eu me sento no meio da ponte,sinto um pouco de medo de não levantar,mas sento. Meus pés dançam no ritmo do vento forte que os arrasta contra a vontade,sinto os fios de dor que ele arranca de mim quando passa com pressa pelos meus cabelos. Eu fecho os olhos e deixo que o vento faça o trabalho dele,eu deixo que ele me traga as lembranças que eu havia deixado para trás.

Fiquei ali parada por alguns minutos e o vento não tardou para realizar seu trabalho. Ali estava eu,mais uma vez,relembrando tudo o que aconteceu há tempo. Podia sentir até mesmo o gosto,aquele gosto familiar de Retrofilia. Ah,a Retrofilia! Ela sempre foi minha maior companheira,minha amiga de todas as horas,. Com a presença dela eu já poderia começar,então pensei: Saudade. Saudade vem de solidão. Como eu sou só,quantos anos eu perdi sentada aqui nesta ponte,todos os dias,acompanhada da amarga Retrofilia e ninguém mais. É,sem dúvidas ela é minha melhor amiga,minha única amiga. E eu não posso mudar o passado,ele é cruel, não sendo repetível, nem modificável. Não que eu não goste da minha querida amiga,não,a Retrofilia nunca fez nada que ferisse..Mas se a memória deteriora-se pouco a pouco com a idade,o que será de nós quando eu não puder mais me lembrar? Retrofilia e eu vivemos em um mundo utópico idealizado por mim,onde sentamos no ar para contar e ouvir epopéias criadas por nós. O que será desse mundo quando minha memória se for pra sempre?

Passo algumas horas assim e de repente,preciso ir,ou o vento me arrasta de vez. Vou embora sem me despedir,se eu não volto,sei que a Retrofilia vai atrás de mim. O sol que busco para reluzir em meus olhos ainda não deixou-se ver,mas amanhã eu volto para procurá-lo.

domingo, 12 de julho de 2009

Please,don't go away.

Eu daria mil voltas ao mundo,eu daria o meu melhor e o meu pior,eu aprenderia a voar,eu faria tudo para não deixar que isso acontecesse,eu correria milhões de quilômetros,enfrentaria terremotos para não deixar que você soubesse,eu largaria meus vícios,eu desafiaria Deus para esconder de você que eu não quero que você se vá.

Eu sei que um dia você vai ver isso,você vai ver o quanto eu sou dependente de você e do seu sorriso de baunilha. Eu estou presa a você,o sol que me aquece vem do céu dos seus olhos e se nele houver estrela cadente vou espera-la passar para desejar que seus olhos me soltem.

Eu queria te levar para uma praia para vermos o sol se pôr no céu tangerina,ou correr por montanhas cobertas de grama fresca..mas quando te vejo eu fico imóvel e não sei o que pensar,não sei o que falar,não sei o que sentir,não sei como agir.

Suas palavras soam como Mozart aos meus ouvidos enquanto eu observo o dançar dos seus lábios que me lembram a primavera. Quando sua mão encosta na minha eu as sinto como nuvens,eu sinto vontade de fechar os olhos e voar contigo,te levar pra bem longe,te tirar dos meus sonhos e te trazer para minha vida.

Eu não vou te deixar ir embora. Não vai terminar assim,não dessa vez!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

bem vindo ao meu caminho!

Eu bati a porta e saí correndo: passei por meninas pulando corda,passei por um bar que cheirava a derrota,pulei algumas pedras machucadas,e ainda não cheguei onde eu queria. Meu caminho não é tão longo,mas eu insisto que já sei o suficiente para andar sozinha. Parei um pouco para beber algo. Cachaça? Não obrigada,me vê um refrigerante. Enquanto tomava aquele líquido adocicado e gelado,dei alguns suspiros e pensei sobre o que refletir naquele momento: poderia pensar no caminho todo,nas últimas duas horas,na porta que eu bati antes de começar a correr ou na pedra que acabei de saltar. Vi que eu tenho um repertório vasto de histórias,por isso que hoje eu vou contar algo para vocês.

Meu nome? O mesmo de algumas pessoas espalhadas pelo mundo. Minha idade? Eu a conto diferente de você,mente medíocre e limitada: não importa há quantos anos eu nasci,importa quanto tempo eu já vivi. Por isso,dizer que já vivi muito é o suficiente. Eu gosto de ser. Sim,ser. Eu vim mudando o que sou desde que comecei a caminhar até agora e agora...agora eu não sei quem sou. São tantas de mim que fica complicado achar a original. E eu tenho até o fim do caminho para isso,se até lá não achar..bom,se até lá não achar eu não sei o que vai acontecer,mas acho que não vai ser legal. Se quer saber,eu não sei quando o caminho vai acabar. Por isso que não posso demorar muito com esse refrigerante calórico e inútil.

É uma corrida contra o tempo,eu preciso caminhar,eu preciso mudar,eu preciso descobrir,eu preciso seguir esse caminho o mais rápido que puder,mas aproveitando cada centímetro que percorro. As vezes erro o caminho,já me perdi em becos, pontes, penhascos, cachoeiras, montanhas e barrancos que até Deus duvida. Tenho que tomar muito cuidado com os retornos espalhados por aí,eles fazem a gente ter que andar mais ainda. Mas uma hora ou outra alguma coisa me diz que eu to errada e volto pro caminho que tenho que tenho que seguir. Eu ainda não sei o que tem no final,não sei como vou saber que acabou,mas ainda assim eu quero seguir,ainda prefiro que me doam os pés do que ficar parada olhando o sol nascer e se pôr do mesmo lugar com esse refrigerante que já não está tão gelado.

Sabe,já encontrei muitas pessoas nesse caminho e o fim do caminho de umas foi no meio do meu. Gostaria muito de saber se elas estão bem,porque as vezes eu sinto falta delas. Outras apenas se despediram em uma bifurcação dessas e continuam seguindo. Algumas vezes já esbarrei com algumas de novo,outras não sei por onde andam.

O papo está bom,mas acho melhor a gente ir andando,porque já está ficando tarde. Você vai por aqui mesmo comigo,ou nos vemos em uma próxima vez?

aquela velha história de sempre.

Não estou bem.Na verdade nao sei se é porque minha barriga está muito cheia ou é porque eu to me sentindo meio que incompleta. Está tudo nos conformes,está tudo indo muito bem para mim. Será que está? Ás vezes parece que estou vivendo uma grande mentira. Eu confio,só não sei o quanto. Eu tenho medo,eu estou assustada,é aquela velha história,mas parece tudo muito novo pra mim.

Quanto a você? Eu ainda não entendo muito bem você. Algumas vezes isso me fascina,outras torna-se meu pior pesadelo. Se eu soubesse quem você é,o que você quer,eu saberia o que fazer. Por outro lado,saberíamos demais um do outro.
Quanto a mim? Não sei o que sinto,não sei o que fazer. Um dia sou a pessoa mais feliz do mundo por um telefonema seu. No dia seguinte um mesmo telefonema acaba com meu dia.
Quanto a nós? Há nós? O que somos nós? Quem somos nós? Tudo está muito confuso agora e eu daria tudo para me sentir livre,ao menos uma vez.

Então aqui,sentada do alto desta pedra,olhando muito além destes quilômetros verdes,olhando tudo que vivi durantes esses poucos anos,eu concluo que sou inútil. Concluo que sou mais uma e busco forças para saltar. Eu pareço tão pesada,eu pareço tão vazia. Você não me espera lá em baixo. Mas um dia,quem sabe,a gente se vê nesse vai-e-vem da vida!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma história,a sua história!

O que é entrar para história? Claro que existem pessoas para sempre lembradas porque mudaram o mundo,mas o que elas fizeram diretamente a você? O que eu quero dizer,é que cada um tem seu próprio herói,porque cada um tem sua própria história.

O tempo todo pessoas entram e saem de nossas vidas,mas algumas nos marcam de tal forma que entram para nossa história,que não esquecemos nunca e entre ambos nunca haverá um adeus,será algo que vai durar para sempre.

O que te proponho hoje é pensar no que você está sendo na vida das pessoas: um herói,um vilão ou um figurante? Como você tem retribuído para as pessoas que mudaram a sua história?

Você certamente levará algumas pessoas para sempre,seja o motivo pelo qual for. Mas,embora sejam inesquecíveis,não são eternas e um dia elas irão e nós não sabemos quando isso vai acontecer. E com você,idem. Por isso,imaginemos que aconteça amanhã,suponhamos que a pessoa mais importante da sua história venha a falecer amanhã,você disse tudo o que queria pra ela? Seja sua mãe,seu pai,seu avô,sua avó,um outro parente,um grande amigo,um grande amor,seja quem for,você teve chances de dizer à essa pessoa a importância dela na sua vida? Teve,mas você falou? Você mostrou para ela o quão especial ela é pra você? O quão grato você é à essa pessoa? E se amanhã,ao invés dessa pessoa,fosse você quem partisse..O que você deixaria para as pessoas? Como você gostaria que elas lembrassem de você? É assim que você está sendo? Tem pensado só em você ou tem dado atenção para as pessoas que te querem bem?

O amanhã é muito incerto,por isso viva agora,seja agora,faça o que tem de ser feito agora,ame agora, ame sem limites porque o amor é o sentimento mais sincero que existe! Não adianta levar uma coroa das flores mais raras do mundo ao túmulo de uma pessoa e não lhe dar nem mesmo uma margarida roubada do jardim da vizinha quando ela estava em vida. Não deixe para homenagear as pessoas quando elas já tiverem partido,faça isso em vida,depois de morta ela não vai ver mais isso!

O dia é hoje,você não precisa estar nos livros de história para ser inesquecível,não precisa mudar o mundo todo,mude o seu mundo,o mundo das pessoas a sua volta e entre para história delas,deixe que entrem na sua história,imortalize-se e deixe se imortalizarem no seu coração,nas suas lembranças!




“ é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã porque,se você parar pra pensar,na verdade não há!”

terça-feira, 30 de junho de 2009

Faça enquanto há tempo.

Chegou uma carta para você: um envelope impecavelmente branco com seu nome em letras prateadas que brilhavam como gotas de estrelas. Essa foi a última notícia sua que eu tive,você foi para universidade ao Norte e nunca mais nos vimos.

Se lembra de quando íamos passear a beira do lago? Corríamos sobre um tapete de folhas vermelhas que,com o tempo,ficavam alaranjadas e depois amareladas. Depois sentávamos embaixo de uma árvore qualquer e competíamos quem acertava a pedra mais longe. Ali passávamos a tarde toda,atirando pedras no lago,num mundo só nosso. Sabe,às vezes eu vou até lá,me sento e posso ver a gente correndo e sorrindo por ali. Não é a mesma coisa.

Ah,e as corridas de cavalo? Você sempre foi muito melhor que eu,mas sempre me deixava ganhar. Se lembra quando a gente foi roubar acerola na casa do seu Pedro e ele quase pegou a gente? A sorte era que os cavalos estavam acostumados a correr bastante. Mas aquilo me rendeu um bom tempo de castigo.

E quando eu torci meu tornozelo e você me levou da cachoeira até em casa a pé? Ah,você era mesmo o meu herói ! Quanto tempo faz isso,uns oito anos? Os piores anos da minha vida! Como você faz falta,como é ruim não ter você por perto,ainda posso te sentir aqui comigo,como sempre foi: eu e você,você e eu.

Hoje é meu dia,chegou uma carta para mim. Pena que não foi uma notícia boa como a sua. Eu só queria que ainda houvesse tempo de lhe dizer que eu sempre te amei,e que sempre te levarei comigo. Me desculpe por demorar demais,eu não tive coragem e agora não há mais tempo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Boa noite e boa sorte.

Eu esquento uma xícara daquele café feito semana passada e caminho até a porta. Está frio lá fora. Posso ver as gotas de chuva batendo no vidro e aquele café amargo me lembra os olhos escuros iluminados dela. O frio também é meu conhecido,lembra-me suas mãos sempre geladas que sentia um pouco trêmulas quando entrelaçava seus dedos aos meus. As nuvens fazem-me lembrar seu rosto: embora vivesse uma tempestade de problemas,trazia consigo um semblante tranquilo que acalmava.

Ela se preocupava comigo e queria saber se eu estava bem,ela me ligava todos os dias com saudades da minha voz e mentia para me agradar,com ela eu me desprendia dos meus medos esquecia dos pré-conceitos. Ela me fazia acreditar na nossa verdade,na nossa verdade inventada.

Sim,ela errou. Não daquela vez que adormeceu e não me ligou ou daquela outra que negou um beijo meu. Ela errou em ser tão certa sempre,ela errou em criar um mundo nosso. Eu não quero um mundo nosso,eu quero um mundo meu. Eu quero ser o que eu quero ser e quero que ela admire,eu quero ser seu herói. Mas ela estava me seduzindo,ela estava indo longe demais,ela estava conseguindo me cativar.

Sinto muito moça dos cabelos negros,vou sentir saudades da sua voz que atravessava milhões de fios de um telefone ao outro e sussurrava ao pé do meu ouvido o suficiente pra fazer o dia valer a pena,vou sentir falta do seu silêncio que me dizia tantas coisas, vou sentir falta de te contar sobre o meu dia e de ouvir sua gargalhada e de me sentir bem quando estava com você,mesmo quando longe.

A culpa é toda sua por fazer com que eu me sinta bem demais,você não podia me aceitar como eu era. Não,você tinha que me odiar e dizer que eu sou até inteligente,mas um egoísta que merece morrer sozinho. É exatamente isso que costumam fazer. Ah,menina..você não podia ser diferente,você deveria existir apenas nos meus sonhos,porque as pessoas acham que eles não existem.

Eu sinto muito,mas você já estava me conhecendo demais,e isso me assusta. Quem sabe uma outra vez,de repente a gente se vê e,embora extasiado com lembranças que certamente virão a tona na mesma hora,eu lhe presenteie com um sorriso amarelo e não diga que é bom lhe ver enquanto queria me segurar firme em você e não soltá-la nunca mais para não te perder de novo.

O café já acabou,já é tarde e eu preciso me deitar. É uma pena que você já não me ligue,meu dia vai ser como todos,não há para quem mentir histórias. Então durma,meu Bem,eu já não estou mais aí,boa sorte pra você.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Insistimos em sonhar e esquecemos de viver

Não era alto,tampouco baixo,acima de sua idade,da forma que gostava,olhos claros,cabelos bonitos,rosto angelical com um ar de mistério e voz de sedução.Ela sabia muito bem onde estava pisando,só não sabia porque continuava se não era o que ela queria..Afinal,oque ela queria? Não era ele? Mas era daquele jeito?

Era uma noite bonita que aspirava perfume doce,ela havia demorado horas procurando a cor adequada do vestido perfeito porque saberia que ia encontra-lo.Demorou horas tentando fazer o cabelo mais naturalmente perfeito de forma que parecesse que já acordava linda.Ele não precisava de tudo isso,ele realmente já acordava impecavelmente bonito.

Quando ele a viu deu aquele sorriso no canto da boca e a todo momento se desprendia das atividades e voltava os olhos a ela.No fim,um abraço apertado,um sorriso forçado e um beijo roubado,tudo muito certo,tudo como ela imaginara.

Ela se sentia linda e ele vitorioso: conseguiram o que queriam.No dia seguinte ele ligou pra ela e disse que foi uma noite inesquecível,ela acreditou.Depois de algumas frases decoradas e alguns suspiros melados ela acorda e se dá conta que ela sabe,ela sabe bem onde está pisando,só não quer acreditar que não sonhamos..não,nós vivemos!


* foi a única coisa que saiu,prometo coisas melhores em breve.
ah,gente eu não escrevo necessariamente de mim,não precisa ficar com pena,ok? rs

quinta-feira, 18 de junho de 2009

“ Não temer,só sorrir "

é com essa frase que começo o post de hoje. Eu não acredito em reencarnação,se a pessoa não lembra da vida anterior,como alguém descobriu que já havia vivido antes,ela lembrou da vida antiga? Não vamos desviar do assunto,por não acreditar em reencarnação,criei uma espécie de lema pra minha vida,um tipo de regra,um propósito..você entendeu.

“Só vivemos uma vez,então vamos aproveitar ao máximo,vamos marcar a história”


Não quero ser presidente dos EUA,se bem que o salário não é nada mal..também não quero ter participação importante em uma Guerra..Eu não preciso marcas os livros de História,é muito mais valioso marcar a vida das pessoas.

Aí mora o perigo,em como marcamos a vida das pessoas. Podemos ser inesquecíveis para alguém,mas isso não quer dizer que isso é bom. Se eu roubar seu marido,você provavelmente vai lembrar de mim pra sempre..e provavelmente,não vai ser porque eu fui muito legal com você. Ou talvez,eu roube seu marido e você ria eternamente de mim pensando “ aquela trouxa,achou que ia se dar bem..não sabe o problema que tá levando,me fez um favor”.

Se formos pensar em tudo,vamos ficar malucos. Eu ando meio assim,ando querendo achar reposta pra tudo,achando que tudo tem um porquê..eu ando meio maluca,ando surtando as vezes. Por isso,viva sua vida com toda a intensidade que conseguir. Com responsabilidade,é claro,mas aproveite cada instante,não esqueça que o amanhã existe,mas não pense nele o tempo todo..

Eu te proponho esquecer das coisas que andam te aborrecendo e dar valor à aquelas que te fazem bem,das menores,das mais simples. Quando perdemos nossos medos e encaramos os problemas sorrindo,tudo fica muito mais fácil,temos mais ânimo para lutar pelas coisas que nós queremos.

Um sorriso é mágico,um sorriso transforma.

Não temer,só sorrir..sorrir sempre,sorrir pra tudo!


Dayana Nóbrega

quarta-feira, 17 de junho de 2009

spread your wings ( Abra suas asas)

.

Um dia eles são a coisa mais importante do seu mundo,no dia seguinte você quer vomitar ao vê-los passar. Um dia eles são seus bens mais preciosos,no dia seguinte você rasga aquele bilhetinho que jurava lealdade eterna. Um dia eles dizem que te amam,no mesmo dia eles falam mal de você por suas costas e,enfim,no dia seguinte eles nem mesmo olham nos seus olhos. Você também acreditou neles?


Sinto muito desapontá-los, mas ando muito mais feliz sem vocês! Nada de decepções,nada de falsas promessas,tudo muito claro,muito sincero. Ei,não to falando isso porque acabei de levar um ‘pé na bunda’ não,falo sobre.. Amigos? Não,não creio neles!


Eu creio naquelas pessoas que te rodeiam,mas,amigos? Quem são seus amigos,meu caro? Já tive muitos e hoje tenho alguns,alguns bem poucos. Quer saber? Vale mais um dos que cultivo a todos que já tive!

Amar o belo é fácil. Estar nos dias felizes é uma delicia. Querer ajudar? Todo mundo quer,só que do próprio jeito,que nem sempre é como precisamos! Será que você não precisa se ajudar antes disso? Você pode ter um problema muito mais simples que o meu e precisar muito mais de mim do que eu de você. Não que você seja fraca,não que eu seja forte.. é a vida,cada um aprendeu com a vida a se virar de um jeito.. eu posso ter gripe suína e estar mais calma do que você,com uma anemia,por exemplo. Não,sua anemia não é besteira, mas,óbvio,não se compara a uma gripe suína.


O que muda é nossa forma de encarar, tem gente que se apóia nos outros, que precisa de alguém para dividir os problemas e um ombro amigo para chorar. Respeito, mas sou mais do tipo que prefere descontar tudo no pobre do travesseiro, sozinha no quarto. Minha mãe é meio orgulhosa, acho que aprendi com ela..Essa coisa de parecer sempre forte, por mais frágil que eu esteja, eu quero sempre parecer bem para apoiar as pessoas ao meu redor.. Preciso que você respeite isso ou,sinto muito,procure seu novo melhor amigo ali na próxima esquina.O que seria daquele que precisa de um ombro amigo,se eu não estivesse sempre aqui?


Vista suas asas,assuma-as e voe como pode: voe como uma borboleta ou como uma águia, voe sozinha ou com alguém lhe puxando pelo pulso, voe alto ou suba aos poucos, voe sobre a beleza incerta do mar ou sobre a segurança das rochas.. Eu só te deixo um conselho,um conselho de um passarinho que foi empurrado do ninho e teve que aprender a voar no susto: Não importa como você voa,onde você voa,como são suas asas,com quem voa..Independente de tudo,voe. Não deixe de voar nunca e,acredite,se você recebeu essas asas,não foi por acaso..dia após dia,busque com determinação descobrir o motivo das suas asas e quando descobrir,use-as,faça-se feliz com elas. Não deixe que corujas,gaviões ou urubus te intimidem..você é um lindo beija-flor,orgulhe-se disso. Assuma quem você é,como você é e aceite as diferenças e limitações dos outros.

“ Ou é para sempre,ou nunca foi de verdade”


Dayana Nóbrega

domingo, 14 de junho de 2009

Viva a vida!

Existe um porto velho e esquecido ao sul. Ontem fui a esse porto,sentei me para ver o pôr-do-sol e,olhando aquele céu alaranjado e de gosto doce,comecei a pensar no passado,e voltar aos lugares,as pessoas,aos princípios.


Lembrei-me da minha infância,das noites que ouvia mamãe,depois de brigar com papai,chorar baixinho em um canto. Lembrei de quantas e quantas vezes eu prometi pra mim mesma que eu não cometeria aqueles mesmos erros. Com doze anos meus pais se separaram porque minha mãe descobriu um de muitos casos de papai. Daí minha mãe entrou em depressão profunda que a acompanhou até sua morte quatro anos depois,se suicidou após ver papai morto. Comecei a passear pela minha juventude, comecei a observar marcas da infância,feridas tão profundas que nunca se fecharam por completo,nunca cicatrizaram..observei que criei medo de tudo e desconfiança de todos,que nunca ‘andei’ de verdade com medo de ‘pisar em falso’ e tropeçar. Mesmo assim,tropecei. Quantas e quantas vezes caí e,assim,aprendi a me levantar sozinha. Sozinha: assim eu passei grande parte da minha vida,até conhecer o Augusto. Ah,o Augusto! O Augusto veio como um furacão,me confundiu a cabeça e me encorajou a fazer loucuras inimagináveis. Foram dias divertidos,os mais divertidos que já vivi.


Aos vinte e três anos casei com Januário, o homem mais bondoso deste mundo. Ninguém jamais me amou como Januário, nem mesmo Augusto. Eu nunca o amei. Por mais que me esforçasse, era em Augusto que eu pensava, era com Augusto com quem queria estar. Eu não podia, Augusto sempre foi errado de mais pra mim,Januário era homem pra casar. Por isso, quando me casei resolvi me desligar completamente de Augusto e viver só para Januário.


Sete anos após meu casamento, não aguentava mais viver com Januário. Ele era um bom marido, era o marido perfeito, mas eu não o amava. Eu me esforçava, de verdade, mas não se manda no coração. Foi então que me separei do Januário e fui procurar Augusto. Procurei Augusto pelos quatro cantos do mundo e prometi para mim mesma que não desistiria enquanto não o encontrasse. Sim, eu o encontrei. Lindo como sempre, bem sucedido, casado e com uma filha menina linda. Não tinha minha mãe,não tinha meu pai,não tinha Augusto,não tinha Januário..estava mais uma vez sozinha.


Foi então que mergulhei de cabeça no trabalho. Passei os últimos trinta e três anos assim: de casa para o trabalho,do trabalho para a casa. Há uns oito meses recebi um telefonema. Não era o cartão atrasado,o banco oferecendo um empréstimo, nem mesmo engano..era Augusto. Meu coração bateu acelerado,como nos meus dezessete anos,minhas mãos ficaram geladas e perdi a voz por uns instantes. Custei para acreditar. Era ele mesmo,aquela voz ainda era música aos meus ouvidos,aquela risada ainda me fazia acreditar no impossível.


Eu sempre soube que ele era a pessoa errada mais certa para mim. Aceitei o seu convite e fomos tomar café para contar sobre nossas vidas. Naquele dia,soube que Augusto havia voltado para mim,havia voltado para onde ele nunca realmente saiu.


Hoje eu vejo quanto tempo eu perdi,eu vejo que,embora viva,eu já não estava vivendo..Augusto me devolveu a vida,me fez viver em oito meses o que não vivi oito anos,o que não vivi a vida inteira.


Ali,naquele porto quieto,eu agradeci por mais um dia de vida,por mais um dia ao lado de Augusto,por mais um dia bem aproveitado.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

suprassumo de um furacão de idéias

Sem tempo nem cabeça pra postar.
juro que estou tentando,mas só deve ter coisa nova aqui semana que vem.
Isso foi tudo que conseguiu sair:

Eu vivo o instante e a minha vida está completa. Não confie tempo nem na eternidade, tudo é passageiro e o instante é tudo o que realmente temos.
Quantas vezes te procurei por toda Terra, pelo céu, pelo mar. Nem tão perto quanto seu gostaria,nem tão longe quanto a vida nos queria. Fui ao mais alto dos céus e ao mais fundo dos mares a sua procura. Não te achei.


bom feriado,meus caros.

Dayana Nóbrega

sábado, 6 de junho de 2009

Procura-se revolucionários.

- queridos,hoje não há história..hoje é uma crítica muito engasgada durante a semana!

.”Esta geração está perdida”,”os jovens de hoje em dia não tem mais jeito”..palmas pra vocês,somos frutos de suas sementes..está secando vossa árvore dos frutos proibidos.

Sistema igualitário? Você ao menos abre o vidro do seu carro quando você,voltando do shopping feliz da vida com suas compras no banco de trás,para no sinal e vem aquele menino que estava fazendo malabarismo te pedir uma moedinha? Não,você tem medo que seja pra comprar drogas..ah,que pessoa boa você é,pensando no menino do sinal,ele tá cheio de comida em casa mesmo..está ali,sem estudar porque ele quer,porque eles são todos um bando de viciados,vagabundos e preguiçosos..Só um detalhe,dá uma olhada no armário do seu filho..pode ter uma surpresinha lá pra você!
Cara,tem uma história que minha mãe me contava muito e hoje eu vou contar pra vocês:


"Existia uma mulher de uns quarenta anos,muito bem sucedida.Na casa dela,da janela da sala de jantar,via-se o varal da jovem vizinha.Todos os dias ela comentava com o marido:
- Amor,olha lá: ela pôs o lençol branco com mancha pra secar..mas que menina porca,sua mãe não lhe ensinou nem mesmo a lavar um lençol!
O marido não falava nada,continuava sentado lendo seu jornal.
Assim ia,todos os dias a mulher reclamava da vizinha sem higiene e não poupava insultos.
Certo dia,a mulher olhou pela janela e viu o lençol limpíssimo,como nunca vira nenhum.Comentou com o marido:
- Até que enfim,aquela menina aprendeu a lavar roupas.Olha como ficaram bem lavado os lençóis!
O marido desviou os olhos do jornal sem pressa,tirou os óculos,olhou para esposa e falou:
- Não amor,ontem a dona Maria veio fazer faxina aqui em casa ontem e limpou os vidros.”

Antes de você criticar ‘o lençol’ das pessoas ao seu redor,dê uma limpeza na sua ‘janela’..

Você já tentou falar? eles te ouviram? Somos o presente,somos o futuro..Somos muitos corpos e um só coração,uma só voz,somos os filhos da revolução..eu tenho muito a dizer e vão ter que me ouvir!
Mudar o mundo..é agora ou agora,só nós podemos,só nos somos capazes.
Se você quer,você pode,se você pode,você faz,se você faz,as coisas mudam.
Revolucione-se primeiro,mude você mesmo..deixe a revolução nascer dentro de você.Não é terminar de ler esse post e sair pro aí cheio de cartazes,matando meio mundo e gritando ‘eu sou rebelde’ que vamos salvar o mundo.Foi assim que eles fracassaram,nós somos muito mais racionais,somos eles mais evoluídos.O futuro é o presente e o presente já passou!

"Embriagada no egoísmo que lhe embaça a visão a humanidade enxerga a vida como competição,o concreto toma conta do que era verde,desequilíbrio, miséria, fome e sede (..) neo-liberalismo, monocultura, padronização,o aquecimento global já não é ficção..movidos pelo lucro, a vaidade e o poder,homens mortos pelo ego antes de nascer na nova era chega à terra a nova concepção respiro fundo, fecho os olhos, em pé permaneço!"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Afinal,quem se importa?

Ela deslizava suavemente no meio de tanta gente,seguia o fluxo,ela ia para onde a levavam.Em meio a buzinas,tantas pessoas gritando,músicas altas,gargalhadas exageradas..ela só podia ouvir as batidas de seu coração,que batiam cada vez mais rápido,cada vez mais apertado. Seus olhos sempre voltados para os próprios pés.


Ela estava sozinha,ninguém podia ajudá-la..nem a senhora da feira,nem o chinês da lanchonete,nem o jovenzinho do bazar,quem dirá a cartomante sentada na esquina..ela não acreditava no futuro e não queria acreditar no presente,no que estava acontecendo.


Entrou no trem tentando fugir de tanta agitação.sentou-se e adormeceu.Acordou com um senhor de uns setenta anos sacudindo-lhe o braço exigindo que ela levanta-se para que ele pudesse se sentar.Desceu na estação seguinte ouvindo o homem queixar-se que a juventude está a cada dia mais perdida e que já não se respeita os mais velhos e,sem nem mesmo saber onde estava, saiu correndo.Olhando sempre para o chão,correu até não aguentar mais para só então erguer seus olhos castanhos que brilhavam por lágrimas engolidas.


Encontrou um campo mal cuidado com algumas sombras de árvores amarelas.Sentou-se ali por cerca de dois minutos.Seu telefone tocou: hora de voltar pra casa.
Não importa o que ela sente,o que ela pensa ou o quanto ela queria ficar ali sentada,sozinha,olhando aquela grama queimada,sentindo algumas formigas subirem pelas suas pernas curtas,saboreando o gosto insosso da devastação..ela era só uma menina e já estava escurecendo,já estava ficando tarde demais.

sábado, 30 de maio de 2009

somos a reação de nossas ações

Meu corpo caído,inerte no chão gelado,estava vendo tudo muito cinza em câmera lenta e com pó nos lábios,um gosto de asfalto que me embrulhava o estômago.

Eu não sabia o que fazer,não tinha forças pra levantar,sentia meu corpo pesado,parecia que aos poucos se decompunha ali,parecia que milhões de bactérias haviam se instalado em mim e se alimentavam sem pressa de cada parte do meu corpo.Eu sentia aquela dor fraca,mas constante.Sabia que ela acabaria comigo,mas não sabia como reagir,não havia como reagir.

Sem mais nada a fazer,comecei a pensar na minha vida,em tudo que fiz,em tudo que deixei de fazer..meus olhos pesavam muito,por isso deixei-os suavemente se fecharem.Não sei ao certo a hora,mas era madrugada.Ouvia vez por hora um carro passar correndo e deixar como rastro seu cheiro forte de cachaça.

Fiz um filme da minha vida e vi o quanto errei,o quanto acertei..lembrei de domingos ensolarados,de segundas de chuva,lembrei do milagre da vida,lembrei da dor da perda,lembrei de sorrisos,lágrimas,abraços,tapas..um furacão de emoções que me acompanharam a vida inteira.

Naquele momento não sabia ao certo o que sentia.Na verdade,acho que não sentia nada,já estava anestesiada e procurava coisas para ocupar o pouco tempo que me restava.

Via o dia amanhecer,poderia ser o último que veria,lembrando quantas vezes dei a mão pra quem precisava,lembrando que passei a vida toda tentando me virar sozinha,recusando a ajuda de quem gentilmente me cedia a mão.Mão essa que se estendida naquele momento,quem sabe,salvaria minha vida.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

ah,o amor!

O amor? O amor não é tão bonzinho quanto parece: o amor não paga suas contas,o amor não vai realizar suas tarefas pra você,o amor não vai te dar um aumento de salário..o máximo que o amor faz é te ajudar a perder uns quilinhos (porque você vai ficar sem comer querida,chorando o dia todo e se queixando de como esse mundo é injusto!).
Que me desculpem os poetas,mas o amor é lindo quando visto em um pôr-do-sol de um cruzeiro passeando pelo Atlântico..só uma coisinha,o amor vai pagar o cruzeiro pra você? Ah,ta..não,era só pra saber mesmo! Quero ver achar o amor bonito lavando meia suja,dormindo mal ouvindo seu marido roncar tendo que acordar cedo pra trabalhar..Ah,isso não é amor! Como não gente? Então só se ama nos momentos bonitos? E o que aconteceu com o 'na saúde na doença,na alegria e na tristeza,todos os dias de minha vida’?
Pois é meu bem,comece a desconfiar do amor,porque ele é um cara bem sacana.Em primeiro lugar,ele não vai fazer você feliz.Ok,talvez até faça,mas acredite que por um espaço de tempo que não vale o tempo que você vai passar se lamentando quando acabar..Ah,só um detalhe:vai acabar.Nada é eterno meu filho,nada dura pra sempre minha filha!E isso não serve só para relacionamentos entre casais não,serve para amigos,colegas de trabalho, cachorro, gato, periquito, papagaio,enfim..
Quer amar? Ame a si próprio.E não pense que não haverão desilusões desta forma,porque eu te garanto que você vai sentir raiva de você mesmo e,se pudesse,pediria o seu divórcio consigo mesma.
Sinta pelas pessoas afeto,carinho.Mesmo assim,só pelas que merecem porque o que vai aparecer de gente com cara de cordeiro e coração de lobo..ah,meu filho,se prepare!
Desconfie,desconfie sempre.Não é que você tenha que achar que todo mundo está mentindo,só não ache que todo mundo ta falando a verdade..Não seja tolo,ninguém vai surgir na sua vida do nada com a solução para todos os seus problemas..ninguém está preocupado com seus problemas,todos já tem problemas o suficiente para se preocupar.Mas não se sinta abandonada,o que tem de gente pra cuidar da sua vida..ah,meu bem,pra criticar sobram bocas.Mas não as leve a mal,eles só falam pro seu bem,só falam porque te amam..
Você manda eles pegarem o amor deles e irem dar uma voltinha,fazer o cruzeiro..Tudo por conta do amor,é claro..Afinal,o amor é o cara,o amor é a coisa mais importante da vida!

Torna-te quem tu és (Nietzshe)

não sou eu quem lhe dirá o que fazer,o que falar,quem ser.
Aprenda a ouvir e pensar e não apenas computar o que te digo.Agradeço que admire quem eu sou,mas não quero que você se torne aquilo que sou e sim que descubra quem és.
Confúncio disse "qual seria sua idade se não soubesse quantos anos tem?"
eu te pergunto,como você 'se criaria'? Como seria se a sociedade não tivesse'lhe feito' assim? entende agora o que te proponho? Descubra quem você.
Estranho falar isso e usar uma frase de Nietzshe como título,citar Confúncio..sim,eles foram brilhantes e eu os admiro muito,mas não tento ser como eles.Use a opinião dos outros sim,mas não faça delas suas.
Enfim,só te peço liberdade,te peço o direito de ser diferente.

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."(Voltaire)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

I fell so good 2day!

As gotas de limão me parecem doce e derretem na boca,uma a uma,me fazendo sentir abraçada por nuvens de algodão-doce.Eu me sinto muito bem hoje..ainda que o mundo seja enorme,vê que eu preciso de tão pouco,eu não preciso ter tudo..entende que o valioso se faz presente nas pequenas coisas?
Eu me sinto muito bem hoje,eu sinto o vento gelado em meio a esse deserto,eu me sinto desfilando em meio a tão grande metrópole,eu deixo de sonhar com uma vida diferente e passo a viver a vida que me é permitida,passo a viver aquilo que gentilmente me foi concedido..
Eu tenho fotos desbotadas,eu tenho algumas fitas velhas guardadas e um edredom quentinho..agora,por acaso,ganhei de mim mesma,como uma espécie de brinde,um sorriso quebrado dos mais sinceros.
Entende que eu posso viver onde,como,o que eu quiser assim?Não? Daí surge a felicidade,do não entender..Perdemos tempo demais em busca das repostas enquanto não precisamos dela..
Eu me sinto muito bem hoje por não ter a limitação de uma vida passiva de sentido.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Não é nada pessoal

Não é nada pessoal, mas eu minto pra você. é,eu minto quando digo que gosto de você,que penso em você o tempo todo e que você é diferente.Você não é diferente.você é exatamente igual a todos,você pensa que me engana e finge tentar me evitar..não,na verdade você anda evitando não me evitar e você..puro interesse!Vamos ser claros: é diversão para nós dois, estamos brincando de encenar um romance, brincando de ligeiramente apaixonados.
Somos mentirosos mesmo, qual o problema? Mentimos sobre nossas próprias mentiras e, quer saber, somos muito mais felizes assim. Mente muito mais aquele que condena a mentira..é gostoso dizer o que querem ouvir,mesmo que não seja o que nós pensamos.
Quer saber o que penso? Não prometo não mentir. eu minto para todos,eu minto pra mim.Sim,minto para mim mesma quando digo que não gosto de você,que não penso em você de vez em quando e quando digo que você é igual.Você é diferente,ninguém é igual a ninguém! Vamos ser claros: por mais que frios e mentirosos, sentimos algo em algum momento, falamos a verdade ao menos uma vez e pelo menos uma vez pensamos um no outro, pelo menos uma vez quisemos mesmo estar juntos, só por uns instantes. Estávamos ligeiramente encantados!
Acredite nos telefonemas, nos sorrisos, nas vergonhas, nos silêncios. acredite fervorosamente em todos eles,mas não acredite em mim,nas minhas histórias e nas minhas promessas..por favor,não acredite!