quarta-feira, 29 de julho de 2009

Eixo oblíquo

Olhando algumas fotografias, olhando os seus olhos irisados, eu posso sentir seu gosto de hortelã, posso sentir o cheiro de perfume doce citrino da sua pele que mais me parece um cobertor quando me abraça. Eu me lembro de nós dois abraçados, conversando, rindo, ou fazendo nada,mas aproveitando tudo. Eu sorrio lembrando do seu sorriso, de quando me provoca ciúmes e de quando me provoca desejo, posso ouvir sua respiração rápida no meu ouvido,posso senti-la por cada parte do meu corpo. Sinto sua mão na minha nuca e sua nuca na minha boca,sinto teu quadril contra o meu,sinto sua boca na minha..é,eu ainda posso te sentir.

Queria te sentir assim o tempo todo. Mas não demora mais que um piscar de olhos para que eu comece a me lembrar da dissonância da tua voz irritada,do teu olhar desapontado estável em meus olhos ,me atraindo e repelindo de ti ao mesmo tempo,da tua respiração inspirando e expirando aquele ar pressuroso tão pesado.

Contudo,não preciso mais que uma outra piscadela para que tua cabeça se curve graciosamente para a direita,seus olhos se fechem enquanto sua mão encaminha-se até minha nuca e aproxima nosso rosto. Pronto,já estamos bem,já pode deitar-se no meu colo para que eu te admire em teu estado latente.

E assim sigo,nesse pisca pisca ,com tua voz polifônica,cultivando um sentimento onde os dois pólos encontram-se,na verdade,no meio e formam um eixo oblíquo,um sentimento utópico,o qual eu também não entendo,tão confuso,me sinto mal e me sinto bem e,ainda assim,não deixei um segundo se quer de senti-lo por você,não deixei um segundo de querer-te por perto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários serão sempre lidos com muito respeito, o mesmo respeito que eu espero que os leitores do Lemon Drops usem. O bom senso forma uma opinião sensata e faz o bom crítico!