terça-feira, 30 de junho de 2009

Faça enquanto há tempo.

Chegou uma carta para você: um envelope impecavelmente branco com seu nome em letras prateadas que brilhavam como gotas de estrelas. Essa foi a última notícia sua que eu tive,você foi para universidade ao Norte e nunca mais nos vimos.

Se lembra de quando íamos passear a beira do lago? Corríamos sobre um tapete de folhas vermelhas que,com o tempo,ficavam alaranjadas e depois amareladas. Depois sentávamos embaixo de uma árvore qualquer e competíamos quem acertava a pedra mais longe. Ali passávamos a tarde toda,atirando pedras no lago,num mundo só nosso. Sabe,às vezes eu vou até lá,me sento e posso ver a gente correndo e sorrindo por ali. Não é a mesma coisa.

Ah,e as corridas de cavalo? Você sempre foi muito melhor que eu,mas sempre me deixava ganhar. Se lembra quando a gente foi roubar acerola na casa do seu Pedro e ele quase pegou a gente? A sorte era que os cavalos estavam acostumados a correr bastante. Mas aquilo me rendeu um bom tempo de castigo.

E quando eu torci meu tornozelo e você me levou da cachoeira até em casa a pé? Ah,você era mesmo o meu herói ! Quanto tempo faz isso,uns oito anos? Os piores anos da minha vida! Como você faz falta,como é ruim não ter você por perto,ainda posso te sentir aqui comigo,como sempre foi: eu e você,você e eu.

Hoje é meu dia,chegou uma carta para mim. Pena que não foi uma notícia boa como a sua. Eu só queria que ainda houvesse tempo de lhe dizer que eu sempre te amei,e que sempre te levarei comigo. Me desculpe por demorar demais,eu não tive coragem e agora não há mais tempo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Boa noite e boa sorte.

Eu esquento uma xícara daquele café feito semana passada e caminho até a porta. Está frio lá fora. Posso ver as gotas de chuva batendo no vidro e aquele café amargo me lembra os olhos escuros iluminados dela. O frio também é meu conhecido,lembra-me suas mãos sempre geladas que sentia um pouco trêmulas quando entrelaçava seus dedos aos meus. As nuvens fazem-me lembrar seu rosto: embora vivesse uma tempestade de problemas,trazia consigo um semblante tranquilo que acalmava.

Ela se preocupava comigo e queria saber se eu estava bem,ela me ligava todos os dias com saudades da minha voz e mentia para me agradar,com ela eu me desprendia dos meus medos esquecia dos pré-conceitos. Ela me fazia acreditar na nossa verdade,na nossa verdade inventada.

Sim,ela errou. Não daquela vez que adormeceu e não me ligou ou daquela outra que negou um beijo meu. Ela errou em ser tão certa sempre,ela errou em criar um mundo nosso. Eu não quero um mundo nosso,eu quero um mundo meu. Eu quero ser o que eu quero ser e quero que ela admire,eu quero ser seu herói. Mas ela estava me seduzindo,ela estava indo longe demais,ela estava conseguindo me cativar.

Sinto muito moça dos cabelos negros,vou sentir saudades da sua voz que atravessava milhões de fios de um telefone ao outro e sussurrava ao pé do meu ouvido o suficiente pra fazer o dia valer a pena,vou sentir falta do seu silêncio que me dizia tantas coisas, vou sentir falta de te contar sobre o meu dia e de ouvir sua gargalhada e de me sentir bem quando estava com você,mesmo quando longe.

A culpa é toda sua por fazer com que eu me sinta bem demais,você não podia me aceitar como eu era. Não,você tinha que me odiar e dizer que eu sou até inteligente,mas um egoísta que merece morrer sozinho. É exatamente isso que costumam fazer. Ah,menina..você não podia ser diferente,você deveria existir apenas nos meus sonhos,porque as pessoas acham que eles não existem.

Eu sinto muito,mas você já estava me conhecendo demais,e isso me assusta. Quem sabe uma outra vez,de repente a gente se vê e,embora extasiado com lembranças que certamente virão a tona na mesma hora,eu lhe presenteie com um sorriso amarelo e não diga que é bom lhe ver enquanto queria me segurar firme em você e não soltá-la nunca mais para não te perder de novo.

O café já acabou,já é tarde e eu preciso me deitar. É uma pena que você já não me ligue,meu dia vai ser como todos,não há para quem mentir histórias. Então durma,meu Bem,eu já não estou mais aí,boa sorte pra você.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Insistimos em sonhar e esquecemos de viver

Não era alto,tampouco baixo,acima de sua idade,da forma que gostava,olhos claros,cabelos bonitos,rosto angelical com um ar de mistério e voz de sedução.Ela sabia muito bem onde estava pisando,só não sabia porque continuava se não era o que ela queria..Afinal,oque ela queria? Não era ele? Mas era daquele jeito?

Era uma noite bonita que aspirava perfume doce,ela havia demorado horas procurando a cor adequada do vestido perfeito porque saberia que ia encontra-lo.Demorou horas tentando fazer o cabelo mais naturalmente perfeito de forma que parecesse que já acordava linda.Ele não precisava de tudo isso,ele realmente já acordava impecavelmente bonito.

Quando ele a viu deu aquele sorriso no canto da boca e a todo momento se desprendia das atividades e voltava os olhos a ela.No fim,um abraço apertado,um sorriso forçado e um beijo roubado,tudo muito certo,tudo como ela imaginara.

Ela se sentia linda e ele vitorioso: conseguiram o que queriam.No dia seguinte ele ligou pra ela e disse que foi uma noite inesquecível,ela acreditou.Depois de algumas frases decoradas e alguns suspiros melados ela acorda e se dá conta que ela sabe,ela sabe bem onde está pisando,só não quer acreditar que não sonhamos..não,nós vivemos!


* foi a única coisa que saiu,prometo coisas melhores em breve.
ah,gente eu não escrevo necessariamente de mim,não precisa ficar com pena,ok? rs

quinta-feira, 18 de junho de 2009

“ Não temer,só sorrir "

é com essa frase que começo o post de hoje. Eu não acredito em reencarnação,se a pessoa não lembra da vida anterior,como alguém descobriu que já havia vivido antes,ela lembrou da vida antiga? Não vamos desviar do assunto,por não acreditar em reencarnação,criei uma espécie de lema pra minha vida,um tipo de regra,um propósito..você entendeu.

“Só vivemos uma vez,então vamos aproveitar ao máximo,vamos marcar a história”


Não quero ser presidente dos EUA,se bem que o salário não é nada mal..também não quero ter participação importante em uma Guerra..Eu não preciso marcas os livros de História,é muito mais valioso marcar a vida das pessoas.

Aí mora o perigo,em como marcamos a vida das pessoas. Podemos ser inesquecíveis para alguém,mas isso não quer dizer que isso é bom. Se eu roubar seu marido,você provavelmente vai lembrar de mim pra sempre..e provavelmente,não vai ser porque eu fui muito legal com você. Ou talvez,eu roube seu marido e você ria eternamente de mim pensando “ aquela trouxa,achou que ia se dar bem..não sabe o problema que tá levando,me fez um favor”.

Se formos pensar em tudo,vamos ficar malucos. Eu ando meio assim,ando querendo achar reposta pra tudo,achando que tudo tem um porquê..eu ando meio maluca,ando surtando as vezes. Por isso,viva sua vida com toda a intensidade que conseguir. Com responsabilidade,é claro,mas aproveite cada instante,não esqueça que o amanhã existe,mas não pense nele o tempo todo..

Eu te proponho esquecer das coisas que andam te aborrecendo e dar valor à aquelas que te fazem bem,das menores,das mais simples. Quando perdemos nossos medos e encaramos os problemas sorrindo,tudo fica muito mais fácil,temos mais ânimo para lutar pelas coisas que nós queremos.

Um sorriso é mágico,um sorriso transforma.

Não temer,só sorrir..sorrir sempre,sorrir pra tudo!


Dayana Nóbrega

quarta-feira, 17 de junho de 2009

spread your wings ( Abra suas asas)

.

Um dia eles são a coisa mais importante do seu mundo,no dia seguinte você quer vomitar ao vê-los passar. Um dia eles são seus bens mais preciosos,no dia seguinte você rasga aquele bilhetinho que jurava lealdade eterna. Um dia eles dizem que te amam,no mesmo dia eles falam mal de você por suas costas e,enfim,no dia seguinte eles nem mesmo olham nos seus olhos. Você também acreditou neles?


Sinto muito desapontá-los, mas ando muito mais feliz sem vocês! Nada de decepções,nada de falsas promessas,tudo muito claro,muito sincero. Ei,não to falando isso porque acabei de levar um ‘pé na bunda’ não,falo sobre.. Amigos? Não,não creio neles!


Eu creio naquelas pessoas que te rodeiam,mas,amigos? Quem são seus amigos,meu caro? Já tive muitos e hoje tenho alguns,alguns bem poucos. Quer saber? Vale mais um dos que cultivo a todos que já tive!

Amar o belo é fácil. Estar nos dias felizes é uma delicia. Querer ajudar? Todo mundo quer,só que do próprio jeito,que nem sempre é como precisamos! Será que você não precisa se ajudar antes disso? Você pode ter um problema muito mais simples que o meu e precisar muito mais de mim do que eu de você. Não que você seja fraca,não que eu seja forte.. é a vida,cada um aprendeu com a vida a se virar de um jeito.. eu posso ter gripe suína e estar mais calma do que você,com uma anemia,por exemplo. Não,sua anemia não é besteira, mas,óbvio,não se compara a uma gripe suína.


O que muda é nossa forma de encarar, tem gente que se apóia nos outros, que precisa de alguém para dividir os problemas e um ombro amigo para chorar. Respeito, mas sou mais do tipo que prefere descontar tudo no pobre do travesseiro, sozinha no quarto. Minha mãe é meio orgulhosa, acho que aprendi com ela..Essa coisa de parecer sempre forte, por mais frágil que eu esteja, eu quero sempre parecer bem para apoiar as pessoas ao meu redor.. Preciso que você respeite isso ou,sinto muito,procure seu novo melhor amigo ali na próxima esquina.O que seria daquele que precisa de um ombro amigo,se eu não estivesse sempre aqui?


Vista suas asas,assuma-as e voe como pode: voe como uma borboleta ou como uma águia, voe sozinha ou com alguém lhe puxando pelo pulso, voe alto ou suba aos poucos, voe sobre a beleza incerta do mar ou sobre a segurança das rochas.. Eu só te deixo um conselho,um conselho de um passarinho que foi empurrado do ninho e teve que aprender a voar no susto: Não importa como você voa,onde você voa,como são suas asas,com quem voa..Independente de tudo,voe. Não deixe de voar nunca e,acredite,se você recebeu essas asas,não foi por acaso..dia após dia,busque com determinação descobrir o motivo das suas asas e quando descobrir,use-as,faça-se feliz com elas. Não deixe que corujas,gaviões ou urubus te intimidem..você é um lindo beija-flor,orgulhe-se disso. Assuma quem você é,como você é e aceite as diferenças e limitações dos outros.

“ Ou é para sempre,ou nunca foi de verdade”


Dayana Nóbrega

domingo, 14 de junho de 2009

Viva a vida!

Existe um porto velho e esquecido ao sul. Ontem fui a esse porto,sentei me para ver o pôr-do-sol e,olhando aquele céu alaranjado e de gosto doce,comecei a pensar no passado,e voltar aos lugares,as pessoas,aos princípios.


Lembrei-me da minha infância,das noites que ouvia mamãe,depois de brigar com papai,chorar baixinho em um canto. Lembrei de quantas e quantas vezes eu prometi pra mim mesma que eu não cometeria aqueles mesmos erros. Com doze anos meus pais se separaram porque minha mãe descobriu um de muitos casos de papai. Daí minha mãe entrou em depressão profunda que a acompanhou até sua morte quatro anos depois,se suicidou após ver papai morto. Comecei a passear pela minha juventude, comecei a observar marcas da infância,feridas tão profundas que nunca se fecharam por completo,nunca cicatrizaram..observei que criei medo de tudo e desconfiança de todos,que nunca ‘andei’ de verdade com medo de ‘pisar em falso’ e tropeçar. Mesmo assim,tropecei. Quantas e quantas vezes caí e,assim,aprendi a me levantar sozinha. Sozinha: assim eu passei grande parte da minha vida,até conhecer o Augusto. Ah,o Augusto! O Augusto veio como um furacão,me confundiu a cabeça e me encorajou a fazer loucuras inimagináveis. Foram dias divertidos,os mais divertidos que já vivi.


Aos vinte e três anos casei com Januário, o homem mais bondoso deste mundo. Ninguém jamais me amou como Januário, nem mesmo Augusto. Eu nunca o amei. Por mais que me esforçasse, era em Augusto que eu pensava, era com Augusto com quem queria estar. Eu não podia, Augusto sempre foi errado de mais pra mim,Januário era homem pra casar. Por isso, quando me casei resolvi me desligar completamente de Augusto e viver só para Januário.


Sete anos após meu casamento, não aguentava mais viver com Januário. Ele era um bom marido, era o marido perfeito, mas eu não o amava. Eu me esforçava, de verdade, mas não se manda no coração. Foi então que me separei do Januário e fui procurar Augusto. Procurei Augusto pelos quatro cantos do mundo e prometi para mim mesma que não desistiria enquanto não o encontrasse. Sim, eu o encontrei. Lindo como sempre, bem sucedido, casado e com uma filha menina linda. Não tinha minha mãe,não tinha meu pai,não tinha Augusto,não tinha Januário..estava mais uma vez sozinha.


Foi então que mergulhei de cabeça no trabalho. Passei os últimos trinta e três anos assim: de casa para o trabalho,do trabalho para a casa. Há uns oito meses recebi um telefonema. Não era o cartão atrasado,o banco oferecendo um empréstimo, nem mesmo engano..era Augusto. Meu coração bateu acelerado,como nos meus dezessete anos,minhas mãos ficaram geladas e perdi a voz por uns instantes. Custei para acreditar. Era ele mesmo,aquela voz ainda era música aos meus ouvidos,aquela risada ainda me fazia acreditar no impossível.


Eu sempre soube que ele era a pessoa errada mais certa para mim. Aceitei o seu convite e fomos tomar café para contar sobre nossas vidas. Naquele dia,soube que Augusto havia voltado para mim,havia voltado para onde ele nunca realmente saiu.


Hoje eu vejo quanto tempo eu perdi,eu vejo que,embora viva,eu já não estava vivendo..Augusto me devolveu a vida,me fez viver em oito meses o que não vivi oito anos,o que não vivi a vida inteira.


Ali,naquele porto quieto,eu agradeci por mais um dia de vida,por mais um dia ao lado de Augusto,por mais um dia bem aproveitado.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

suprassumo de um furacão de idéias

Sem tempo nem cabeça pra postar.
juro que estou tentando,mas só deve ter coisa nova aqui semana que vem.
Isso foi tudo que conseguiu sair:

Eu vivo o instante e a minha vida está completa. Não confie tempo nem na eternidade, tudo é passageiro e o instante é tudo o que realmente temos.
Quantas vezes te procurei por toda Terra, pelo céu, pelo mar. Nem tão perto quanto seu gostaria,nem tão longe quanto a vida nos queria. Fui ao mais alto dos céus e ao mais fundo dos mares a sua procura. Não te achei.


bom feriado,meus caros.

Dayana Nóbrega

sábado, 6 de junho de 2009

Procura-se revolucionários.

- queridos,hoje não há história..hoje é uma crítica muito engasgada durante a semana!

.”Esta geração está perdida”,”os jovens de hoje em dia não tem mais jeito”..palmas pra vocês,somos frutos de suas sementes..está secando vossa árvore dos frutos proibidos.

Sistema igualitário? Você ao menos abre o vidro do seu carro quando você,voltando do shopping feliz da vida com suas compras no banco de trás,para no sinal e vem aquele menino que estava fazendo malabarismo te pedir uma moedinha? Não,você tem medo que seja pra comprar drogas..ah,que pessoa boa você é,pensando no menino do sinal,ele tá cheio de comida em casa mesmo..está ali,sem estudar porque ele quer,porque eles são todos um bando de viciados,vagabundos e preguiçosos..Só um detalhe,dá uma olhada no armário do seu filho..pode ter uma surpresinha lá pra você!
Cara,tem uma história que minha mãe me contava muito e hoje eu vou contar pra vocês:


"Existia uma mulher de uns quarenta anos,muito bem sucedida.Na casa dela,da janela da sala de jantar,via-se o varal da jovem vizinha.Todos os dias ela comentava com o marido:
- Amor,olha lá: ela pôs o lençol branco com mancha pra secar..mas que menina porca,sua mãe não lhe ensinou nem mesmo a lavar um lençol!
O marido não falava nada,continuava sentado lendo seu jornal.
Assim ia,todos os dias a mulher reclamava da vizinha sem higiene e não poupava insultos.
Certo dia,a mulher olhou pela janela e viu o lençol limpíssimo,como nunca vira nenhum.Comentou com o marido:
- Até que enfim,aquela menina aprendeu a lavar roupas.Olha como ficaram bem lavado os lençóis!
O marido desviou os olhos do jornal sem pressa,tirou os óculos,olhou para esposa e falou:
- Não amor,ontem a dona Maria veio fazer faxina aqui em casa ontem e limpou os vidros.”

Antes de você criticar ‘o lençol’ das pessoas ao seu redor,dê uma limpeza na sua ‘janela’..

Você já tentou falar? eles te ouviram? Somos o presente,somos o futuro..Somos muitos corpos e um só coração,uma só voz,somos os filhos da revolução..eu tenho muito a dizer e vão ter que me ouvir!
Mudar o mundo..é agora ou agora,só nós podemos,só nos somos capazes.
Se você quer,você pode,se você pode,você faz,se você faz,as coisas mudam.
Revolucione-se primeiro,mude você mesmo..deixe a revolução nascer dentro de você.Não é terminar de ler esse post e sair pro aí cheio de cartazes,matando meio mundo e gritando ‘eu sou rebelde’ que vamos salvar o mundo.Foi assim que eles fracassaram,nós somos muito mais racionais,somos eles mais evoluídos.O futuro é o presente e o presente já passou!

"Embriagada no egoísmo que lhe embaça a visão a humanidade enxerga a vida como competição,o concreto toma conta do que era verde,desequilíbrio, miséria, fome e sede (..) neo-liberalismo, monocultura, padronização,o aquecimento global já não é ficção..movidos pelo lucro, a vaidade e o poder,homens mortos pelo ego antes de nascer na nova era chega à terra a nova concepção respiro fundo, fecho os olhos, em pé permaneço!"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Afinal,quem se importa?

Ela deslizava suavemente no meio de tanta gente,seguia o fluxo,ela ia para onde a levavam.Em meio a buzinas,tantas pessoas gritando,músicas altas,gargalhadas exageradas..ela só podia ouvir as batidas de seu coração,que batiam cada vez mais rápido,cada vez mais apertado. Seus olhos sempre voltados para os próprios pés.


Ela estava sozinha,ninguém podia ajudá-la..nem a senhora da feira,nem o chinês da lanchonete,nem o jovenzinho do bazar,quem dirá a cartomante sentada na esquina..ela não acreditava no futuro e não queria acreditar no presente,no que estava acontecendo.


Entrou no trem tentando fugir de tanta agitação.sentou-se e adormeceu.Acordou com um senhor de uns setenta anos sacudindo-lhe o braço exigindo que ela levanta-se para que ele pudesse se sentar.Desceu na estação seguinte ouvindo o homem queixar-se que a juventude está a cada dia mais perdida e que já não se respeita os mais velhos e,sem nem mesmo saber onde estava, saiu correndo.Olhando sempre para o chão,correu até não aguentar mais para só então erguer seus olhos castanhos que brilhavam por lágrimas engolidas.


Encontrou um campo mal cuidado com algumas sombras de árvores amarelas.Sentou-se ali por cerca de dois minutos.Seu telefone tocou: hora de voltar pra casa.
Não importa o que ela sente,o que ela pensa ou o quanto ela queria ficar ali sentada,sozinha,olhando aquela grama queimada,sentindo algumas formigas subirem pelas suas pernas curtas,saboreando o gosto insosso da devastação..ela era só uma menina e já estava escurecendo,já estava ficando tarde demais.