sexta-feira, 9 de abril de 2010

mas, queridos, a primavera também passa..

Dias frios me deixam mais melosa. Dias chuvosos me deixam impaciente. Ausência me lembra você. Existência me dá vontade de escrever e às vezes de chorar. A chuva cai, a rua inunda e as vozes gritam pelo direito de viver. Meu violão no chão, meu coração na boca, minha cabeça grudada no pescoço, meu pensamento longe. Os dias são longos, as noites cruéis e as palavras são tudo o que possuímos, é tudo que nos é permitido.


Não somos capazes de agir, não por nossas limitações, mas pelos limites nacionais. Não somos insanos, mas somos loucos, loucos por uma chance, uma única chance de fazer os sentimentos abstratos se tornarem atos concretos. Sonhamos, sonhamos e damos aos sonhos asas, asas para ultrapassar limites, limites nacionais. Te vendo mentiras em troca de ilusões doces, te cobro sorrisos pelo meu bom humor, te escondo o medo de assumir a verdade, te escondo segredos do meu cobertor. Me faço simples para ser importante, me faço pequena por um amor gigante, me faço o que queres para te ter como eu quero. Somos sinceros.


Passo dias esperando na janela, passa carro, passa gente, passa o tempo. Ainda que tudo passe, ainda que a chuva venha, ainda que o sol a seque, ainda que tudo se repita, um dia você chega e traz contigo a primavera.

sábado, 3 de abril de 2010

azeitonas e esmeraldas

Não tive tempo de olhar as estrelas, o céu nem as cores para descrevê-los como de costume. Mas se tivesse que imaginá-lo, imaginaria um céu azul escuro com algumas estrelas, o céu mais sereno e simples já visto, sem muitos enfeites. Ouvi uns passarinhos e um grilo, mas não era próximo a mim, na verdade estavam bem longe, onde mais há bois que gente. Eu lembro de perguntas, lembro da cadela pegando um rato no quintal, lembro de sorvete crocante e daquele outro com pedacinhos de abacaxi, mas não tem gosto de abacaxi, lembro da latinha de pepsi que conquista e lembro de sorrisos, eu lembro de muitos sorrisos que me foram arrancados. Lembro de caretas, de fotos e de cadelas fofas com nome de comida.

Sempre achei que coisas simples fossem as mais perfeitas. Nunca estive errada. Sempre achei que a aparência não era o mais importante. Nunca estive errada, apesar dos olhos de azeitona, murcha ou não, me agradarem. A verdade é que quando conhecemos alguém devemos ver além do que se vê, devemos olhá-la com os olhos do coração. Fazendo isso eu vi alguém com muitas virtudes, senti uma força maior que eu que me arranca sorrisos, gargalhadas, arranca-me o sono e faz-me sentir bem. Descobri alguém que aprende comigo e me ensina. Não um par e sim alguém ímpar. Não sei ao certo se tem dezenove ou cento e dois anos, mas sei que me fez o bem que muita gente não fez em dezessete. Descobri em olhos de azeitona murcha esmeraldas preciosas.

Então, para terminar esse pequeno depoimento que surgiu gracioso depois de quase dois meses de ‘regime literário’, eu vos aconselho a aproveitar cada instante da vida, cada detalhe, cada coisa boba, pois elas podem se tornar grandiosas se você quiser e, se você permitir, elas podem te trazer um bem que você procura. É tudo questão de oportunidade, questão de suscetibilidade.