segunda-feira, 12 de outubro de 2009

drops.

Como só vinha nos dias de chuva, nesses eu ficava contando cada gota que caía, cada uma delas me parecia como o nascimento de um milagre. Nos dias de sol, eu torcia para que fosse sol intenso, sol forte que durasse um dia e uma noite inteira, para no dia seguinte a chuva voltar, e você também.

Quando o vento corria pela minha janela, arrastava pelas saias as cortinas e me acordava como um beijo gelado que me fazia despertar sem demora. Eu me apressava e saía, eu corria até a ponte, onde me sentava e fechava os olhos. De olhos fechados eu podia ver as luzes da festa, e a luz do seu sorriso, eu podia ver o brilho nos vestidos e nos seus olhos, eu podia ver tudo perfeitamente enquanto o vento frio despenteava meu cabelo e secava minha boca. Eu ficava horas ali, ficava horas sentada dançando contigo, até que eu sentisse a primeira gota tocar minha pele. Ela era sempre fria e clara. Mais que clara, ela era cristalina e intensificava o cheiro das flores à volta. Então já não era mais uma festa e já não dançávamos mais, estávamos no jardim onde seu abraço ficava cada vez mais forte, conforme a chuva se intensificava. Conforme a chuva ia passando, o vento parecia mais gelado, e você cada vez mais distante.

Quando a chuva ia embora e te levava com ela, eu abria os olhos e voltava para casa. Na verdade, eu não precisava das luzes da festa, do brilho dos vestidos ou das flores no jardim, eu precisava da luz do seu sorriso, do brilho dos seus olhos e que um dia a chuva realmente trouxesse você,mas te deixasse aqui quando ela resolvesse ir embora.

Um comentário:

Comentários serão sempre lidos com muito respeito, o mesmo respeito que eu espero que os leitores do Lemon Drops usem. O bom senso forma uma opinião sensata e faz o bom crítico!