terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pra você.

Era uma noite fria e as estrelas pareciam detritos flutuantes de uma geada. Peguei o violão, sentei-me na varanda e comecei a fazer uma música para você: acordes fáceis embalavam rimas pobres. Arrisquei um solo de uma corda só, mas tive que tirá-lo porque não consegui ensaiá-lo o suficiente. Escrevi sobre seus olhos, seu sorriso e como eu me sentia bem com você. Droga, sobre isso todo mundo escreve. Amassei a folha de papel e comecei em uma outra página. Escrevi sobre nossas brigas, sobre minhas lágrimas e sobre a dor de amar. Lá se foi minha contribuição para o desmatamento, mais uma folha para o lixo. Definitivamente, música não era o meu forte. Estava frio, eu entrei para guardar o violão e aproveitei para pegar um casaco. Casaco? Bem, isso me lembra nosso primeiro beijo. Resolvi escrever uma carta para você. Mas não sabia o que falar. Sobre seus olhos, seu sorriso e como eu me sentia bem com você? Sobre nossas brigas, sobre minhas lágrimas e sobre a dor de amar? Eu não era criativo o suficiente, carta não era uma boa idéia. Um desenho, que tal um desenho? Seria ótimo se eu fosse um bom desenhista, ou se eu soubesse desenhar algo além de uma praia com um sol, um barquinho uma ilha e um coqueiro. Ah, eu posso pôr umas gaivotas no céu também. Mesmo assim, isso não diria nada.

A verdade é que eu não escrevo bem, eu não desenho bem, não sou bom músico. Ah, menina, não sei o que posso fazer por você. Eu queria poder lhe dizer tudo o que ando sentindo, eu queria poder lhe explicar o que sinto quando vejo seu cabelo dourado de sol, quando vejo seus olhos de café ou seu sorriso colossal. Sinto muito, mas não consigo se quer falar do cabelo dourado de tinta, dos olhos de pântano e seu sorriso irônico. Eu sinto muito, mas da minha flor preferida te tornastes minha flor cadáver, aquela que eu cuidei com carinho, aquela que eu tanto amei agora cresceu e apunhalou-me pela frente. Não passei a duvidar do amor, doçura, passei a duvidar da capacidade do ser humano de amar.

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