quinta-feira, 17 de março de 2011

presos ao ar livre.

Dois olhares cruzados, meia dúzia de palavras soltas e, pronto, eu já passo o dia todo pensando em você. Dois minutos de atenção, algumas risadas nada espontâneas e, pronto, estou me corroendo pra não pedir seu telefone. Um elogio e o cheiro de um mínimo interesse e, pronto, eu já estou escrevendo sobre você. O que me encanta em você é o impossível, é não poder acontecer. Foi o que me chamou a minha atenção desde a primeira vez que te vi, o impossível que você transparece, o proibido.


Meus sorrisos do canto de boca e meus olhares poucos discretos não fizeram com que me percebesse, então eu perdi meus olhos de você e pus cadeado nos meus sorrisos. Mas somente até quando meus olhos perdidos se depararam com os seus que pareciam ter se encontrado no meu e ali repousado. Entreolhamos-nos e percebemos que ambos estávamos contendo aquele sorriso, ambos havíamos trancado-os depois daquele dia.Embora fosse explícita a intensidade daquela simples troca de olhares, havia nele um fio de desesperança, visto que nunca havíamos de vera nos pertencido. Segurei a mão que não era tua e respirei fundo, dividindo o mesmo ar pesado contigo e tantas pessoas a nossa volta, enquanto nos separávamos ao tempo dos passos.


Naquele momento, não importava se não sabia seu nome, eu conheci seu coração através de seus olhos, em meio ao fluxo de carros, ao fluxo de gente e de sons, havia um fluxo de energia e sentimentos, havia uma troca entre nós. Uma troca de intenções pelo olhar, sem o uso de palavras ou gestos. Estávamos estáticos, nos entendendo perfeitamente: desejávamos um ao outro.


Hoje eu fecho os olhos e vejo os seus fitando-me como naquele dia e fico pensando como posso ter tanta certeza e tanta dúvida sobre um momento tão rápido, mesmo que tão intenso. Como posso estar certa que a recíproca foi verdadeira? Nós mentimos, olhos não. E coração, mente? Coração não nos engana, não nos deixa cego? Então como pude ver-te tão claramente? Mais triste que a incerteza é não ter nada pra me recordar de ti, se não esse mesmo ar que me prende à vida, aquele mesmo ar que compartilhamos e por isso me prende a você.

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