quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Além do que se vê

Andando na rua, costumamos rotular espontaneamente pessoas que nos rodeiam. É como se tivéssemos grupos onde encaixássemos cada um. Não somos bonecos, não fomos moldados, somos um diferente do outro, sempre haverá uma diferença. É como comprar batatas, por exemplo. Batata vai ser sempre batata, mas tem uma mais gordinha, outra menorzinha, uma machucadinha, outra mais lisinha.. Mas são todas batatas, não são? Todas tem o mesmo sabor, não tem? Estão todas a venda, não é mesmo?

Eu até concordo que o jeito de falar, se vestir e agir diz muito sobre uma pessoa, mas acho um absurdo qualquer tipo de predefinição, se é que você me entende, eu discordo que olhando uma pessoa que você nunca viu, não sabe da história, andando na rua você pode traçar a personalidade e o caráter da mesma. De forma nenhuma! Sem contar que sempre tem aquelas referências, se o Enrique ler esse post ele vai concordar nisso comigo, não tem referência maior que a do gordinho. Tem a referência da loira, da morena, da ruiva, do alto, do baixinho..Mas se em meio a todos esses estiver um gordinho, eu ponho a mão no fogo com álcool como ele vai ser a referência. Vem cá, qual o problema com o pobre do gordinho? Levanto então uma outra questão, o padrão de beleza imposto pela sociedade. Biótipo de mulher ideal? Cabelo liso, loiro, olhos claros, magra, sorriso colgate e bem cuidada. Já parou pra pensar que a baixinha, gordinha, de cabelo vermelho e olho castanho pode ser milhares de vezes mais legal e infinitamente mais inteligente que a loira? Já parou pra pensar que o monstrinho pode te fazer muito mais feliz que a gostosona? Não acho que é beleza interior, porque você não vai sair por aí perguntando “- Oi, você tem um rim bonito? Ah, porque meu esôfago é meio caidinho, agora meu pâncreas é uma maravilha hein..” (Ta,foi uma péssima piada,mas eu ri). Eu falo de conteúdo, falo de valores, eu falo de você conhecer as pessoas, de deixar que elas te cativem. Não julgue os outros pela aparência e não se sinta mal por ser como você é. Cara, o importante é você, é como você se sente. Não é aceitar que é gorda e tem cabelo duro achando que um Deus grego vai surgir em meio ao nada e perguntar pelo seus pâncreas (ri de novo). Entra em uma academia, compra uma chapinha e tá tudo certo. Mas faça por você e não pelo outros, arrume-se para você, sinta-se bonita, não sossegue enquanto não olhar no espelho e pensar “Uau, se eu não fosse eu, eu me pegava!”. Autoconfiança é o segredo, se você passar para as pessoas que você é um monstrinho, é assim que elas vão te ver. Se você não tem os olhos do Enrique, se você não tem a barriga da Mayara, se você não tem o cabelo liso como o do Rafa, se você não tem o sorriso da Fatinha, não chora porque eu não tenho nada disso e eu sou feliz. Não vou comprar uma lente, uma chapinha e não vou entrar na academia nem vou gastar fortunas com dentista, listerine e sensodine, porque eu sou feliz do jeito que eu sou. Eles podem ter isso tudo, mas não adianta porque eu tenho algo que eles não tem, assim como você tem algo que ninguém tem igual. Você é preciosa, você é precioso, você não é igual a ninguém, por isso para de tentar ser como os outros, para de tentar ser como a sociedade diz que você deve ser e aflora o que você tem melhor, busca se conhecer melhor e explora seu ponto forte. Quem me conhece sabe que eu sou um saco, eu reclamo que to gorda, que odeio meu cabelo, que minha pele tá um lixo e que só amo minha unha, e a da mão, porque o meu pé eu odeio também. Porque você acha que eu mudo de esmalte coisa de três vezes na semana? Porque você acha que eu adoro uma pulseira, um anel? Porque eu tenho cabelo feio e estou gordinha, então vamos focar a atenção pra parte boa em mim, vamos fazer a unha chamar atenção!

Brincadeiras à parte, eu aprendi a ver que as pessoas vão muito além do que elas vestem, vão muito além do cabelo que elas usam, vão muito além da cor dos seus esmaltes, da marca da bolsa, as pessoas vão muito além do que podemos ver. Aprendi que se alguém não é como você quer, talvez ela seja o que ela pode ser, ela esteja buscando ser quem ela quer ser. Eu aprendi a ver com o coração, pois, já dizia Exupéry, nas horas graves nossos olhos são cegos. Descobri, portanto, que ninguém pode ter uma única definição a respeito de quem é, porque somos vistos em momentos diferentes, por olhos diferentes, com concepções diferentes e opiniões diferentes. Basta que cada um se aceite como é, e respeite como o outro é também. Eu espero, de verdade, que esse post mude um pouquinho a sua opinião e que a partir de hoje você perceba que cabelo preto, olhos castanhos e uma gordurinha a mais pode ser legal. Digo por mim mesma, literalmente.


Por Dayana Nóbrega,
Aquela fora do padrão de beleza imposto pela sociedade que finge que está se lixando pra isso, mas comprou quatro cores novas de esmalte essa semana.

2 comentários:

  1. Amiga ganhei minha noite!!
    Ameii seu postt!!
    Vc me chamou de magra e falou que o Monstrinho pode fazer alguém mais feliz do que a gostosona!! Ri mtt. kkk (poucos irão entender)
    Tudo que vc disse ai no post é verdade, as pessoas hj em dia não estão se aceitando,elas querem ser uma pessoa que realmente não são, e isso não é legal...

    Te Amo Amiga!!

    PS.: Correção:
    Por: Dayana Nóbrega,
    Aquela que concerteza é um Anjo na Vida de seus amigos, aquela que só de você olhar já te traz uma alegria, aquela que Deus escolheu para colocar na minha vida na hora em que eu mais precisei, aquela que quero conservar uma amizade para a vida toda!
    Essa sim é Dayana Nóbrega!

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  2. “- Oi, você tem um rim bonito? Ah, porque meu esôfago é meio caidinho, agora meu pâncreas é uma maravilha hein..”

    AHAUHAUAHUAHUHA
    EURIMTO

    Nossa! Eu achei, simplesmente, magnífico.
    São coisas que eu sabia, mas que deixava de lado às vezes. É como se eu me obrigasse a colocar uma venda e querer rotular todo mundo pelo simples fato de eles me rotularem...

    Obrigado pela citação de meus olhos Q
    E parabéns, Dayana. Você sabe que o meu orgulho de ter como amiga é enorme.

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