quinta-feira, 24 de setembro de 2009

céu de seda em dias de nuvens de pipoca.

Lembro bem quando o vi: meus olhos dilataram com a surpresa de duas mãos pesadas estendidas em minha direção carregando meu frágil tesouro. Agarrei-o firme contra o peito e corri para onde pudéssemos ficar sozinhos. Sentei naquela grama seca, abaixo de uma árvore de copa grande com folhas avermelhadas de primavera, mas que me lembravam mesmo o outono. Em minha volta árvores, grama e a imensidão do nada. Era o lugar ideal para o nosso primeiro encontro.

Fechei meus olhos, deitei-o em meu colo e corri meus dedos sentindo cada detalhe da capa, cada relevo, cada ruga que arrancava um sorriso voraz dos meus lábios miúdos rosados pelo frio enquanto o vento dançava pelos meus cabelos. Abri lentamente os olhos e examinei minuciosamente as cores dos relevos pelos quais meus dedos corriam. Era ainda mais bonito, era ainda mais vivo que todo aquele nada infinito que nos cercava. Sim, foi amor à primeira vista. O verde azulado, cor de céu feito de seda em dias de nuvens de pipoca, predominava e me dominava, fazia-me livre, prendia-me a ele. Depois de muito olhar, depois de entregarmo-nos completamente um ao outro, percebi alguns amassados, algumas falhas que não mais me importavam, fui seduzida, estava indiscutivelmente apaixonada.

O vento balançava forte e duas gotas caíram sobre meu amado. Naquele momento, aquelas duas gotas pesavam para mim toneladas e eram cruéis, muito cruéis, fazendo-me sentir dor como a da mãe que perde o filho pra sempre. Apertei-o contra meu peito, como se quisesse que ele entrasse verdadeiramente em meu coração, embora lá já estivesse cativo, para que eu pudesse assim protegê-lo das milhões de gotas cruéis que viriam contra ele. Corri com todas as minhas forças até que meus sapatos gritam implorando para que eu parasse. Parei, arranquei os sapatos e continuei correndo. Quando parei, eu já não sentia meus pés e meus lábios rosados miúdos eram cor de amora e tremiam com minha respiração ofegante. Sabia que faria o possível para defendê-lo, mas não sabia até quando ele aceitaria a minha defesa.

2 comentários:

  1. "Sabia que faria o possível para defendê-lo, mas não sabia até quando ele aceitaria a minha defesa. "

    Frases assim me fazem te admirar mais ainda como escritora e pensadora Q

    ARRASOU!

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  2. Ai amiga, é aquele amante de qm vc tanto flava naum é???
    Carak, realmente mt show....
    vc se sentiu como ele em vc....
    Puts....
    emocionante....

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Comentários serão sempre lidos com muito respeito, o mesmo respeito que eu espero que os leitores do Lemon Drops usem. O bom senso forma uma opinião sensata e faz o bom crítico!