quarta-feira, 3 de junho de 2009

Afinal,quem se importa?

Ela deslizava suavemente no meio de tanta gente,seguia o fluxo,ela ia para onde a levavam.Em meio a buzinas,tantas pessoas gritando,músicas altas,gargalhadas exageradas..ela só podia ouvir as batidas de seu coração,que batiam cada vez mais rápido,cada vez mais apertado. Seus olhos sempre voltados para os próprios pés.


Ela estava sozinha,ninguém podia ajudá-la..nem a senhora da feira,nem o chinês da lanchonete,nem o jovenzinho do bazar,quem dirá a cartomante sentada na esquina..ela não acreditava no futuro e não queria acreditar no presente,no que estava acontecendo.


Entrou no trem tentando fugir de tanta agitação.sentou-se e adormeceu.Acordou com um senhor de uns setenta anos sacudindo-lhe o braço exigindo que ela levanta-se para que ele pudesse se sentar.Desceu na estação seguinte ouvindo o homem queixar-se que a juventude está a cada dia mais perdida e que já não se respeita os mais velhos e,sem nem mesmo saber onde estava, saiu correndo.Olhando sempre para o chão,correu até não aguentar mais para só então erguer seus olhos castanhos que brilhavam por lágrimas engolidas.


Encontrou um campo mal cuidado com algumas sombras de árvores amarelas.Sentou-se ali por cerca de dois minutos.Seu telefone tocou: hora de voltar pra casa.
Não importa o que ela sente,o que ela pensa ou o quanto ela queria ficar ali sentada,sozinha,olhando aquela grama queimada,sentindo algumas formigas subirem pelas suas pernas curtas,saboreando o gosto insosso da devastação..ela era só uma menina e já estava escurecendo,já estava ficando tarde demais.

2 comentários:

  1. E é isso aí. Essa menina precisa mesmo é se rebelar. Colocar uma gravata enrolada na perna, cuspir na cara do velho e dizer: OLHA AQUI QUEM NÃO TEM EDUCAÇÃO, SEU MELACUECA!

    Acho que assim, se colocando, ela não se sentiria como se sente ou não deixaria que isso acontecesse com tanta frequencia... mas sei lá, tem gente que se acomoda. O que não é bom.

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